domingo, 31 de julho de 2011

FAZER DE NOVO

Ouvi estas palavras na minha cabeça "Transgredi e me arrependo, mas um dia quero fazer de novo!", sorri :)  Sorry? Não, não peço desculpa de mostrar não me importar de ser reincidente. Sorri porque tinha acabado de acordar e fiquei bem-disposto com a frase, imaginando o que poderia ter sonhado e ainda me estivesse a bailar na cabeça.
Mesmo sem poder dar certeza nenhuma, vou contar um conto, fazer uma história, registar a crónica dos acontecimentos que penso poderão estar na base de tal ideia, a dita cuja frase, onde comecei. O quê? Que nome dar a este… conto? Conto um conto, será outra coisa?
Registo a patente, “Fazer de Novo”. Agora só falta contar do conto o que o transforme no que já vai sendo, mas ainda não é. Falta dar a descobrir a existência dum enredo, a montagem da trama, a peça onde as palavras se movem, personagens dum destino estipulado pelo dramaturgo que mora no meu cérebro e não é o Cérebro, embora ladre desalmadamente. Cheio de vontade de me ir às canelas, por estar aqui às voltas sem dar rumo à história.
A história é extremamente simples, deitei-me a pensar num tema para um conto, tendo para o conto o tema. Só faltava manifestar na minha pessoa a vivência fecunda da arte, mostrando como, durante o sonHo (acrescentando o H, pode ser de Homem? :) fora trabalhando as ideias e elas agora me voltavam, para eu poder… contar o conto (em mim contido, conteúdo onírico do sonhar). Nem pergunto, deixo ficar, como acabou de chegar.

ESFÉRICAS LENTES

minhas duas bolas de cristal
mostram a mesma coisa
… as minhas coisas

o coração em colapso
a querer parar

tempo a recomeçar infinito!
Assim

sábado, 30 de julho de 2011

ESTADO DE VIGÍLIA

Vou explicar, a quem como eu não gosta de explicações, a experiência de escrever um texto simulando um acidente em câmara lenta. Cada palavra parece demorar o tempo de sonhar, hesitando na condição onde evoluímos. O estado de vigília é, como pensei intitular o texto, pretexto de imaginar a curiosidade como ingrediente próprio do acto literário – definido pela sua oposição ao literal, o eu é ele e salta e corre – como um cavalo que toma o freio nos dentes, rebelando-se – contra o cabresto da domesticação.
Vigilante, olho a morte nos olhos, converso com os sonhos. A morte contempla a vida com olhos maternais, é uma fera desperta para o medo de perder suas crias. Nada a surpreende mais que as viagens astrais ao seu útero, escancarado no exterior das coisas. O comum dos mortais imagina a alma interior, intrínseca, particular, própria, inerente, não manifesta. Para a alma a indiferença é que a mata, quem muito a deseja e procura tende a procurá-la onde não lhe dá espaço. Olhando para o exterior, entramos na aura, habitamos o halo!
Dizer o quê para dizer tudo? Em vigília, observemos...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O ESPELHO

Espelho, espelho meu… não fiques há espera que pergunte se conheces alguém mais bonito que eu. Num dia como o de hoje, em tudo diferente a qualquer outro, volto aos contos infantis.

Era uma vez um poeta que gostava da p_rosa… procurando o aRoma, mais o dito popular "Todos os caminhos levam a Roma". O poeta decidira desvendar esse seu segredo à sua filha, fazendo um poema:

o teu pai não é poeta porque quer
mas, porque quer ser poeta, tem
de cultivar sentimento que requer
o poder de ser todos e ninguém!

A filha reagiu muito bem "Pai, em vez de me ler histórias de livros, escreve um conto para mim?", perguntou. Comecei com a Bela Adormecida, vamos acabar na companhia dos sete anões. O  Zangado está agora à frente do espelho, diz: Nem pensar que corto as barbas!...
Cá para nós, aqui que ninguém nos ouve (a menos que estejas a ler em voz alta), o espelho deve ter feito de conta que não tinha nada a ver com a história. Vai-se a ver, deve ser por isso que, entrou mudo na história, sai calado.

INICIATIVA

a poesia está sempre disponível
desde que estejamos
disponíveis

a ela cabe toda a iniciativa
fica-nos a modéstia

nada que nos impeça da beleza!
Assim

DA AÇÃO

no oco do silêncio oiço
o eco dum ecoar
onde se côa

o corpo desta voz
que se forma

transformação da ação
Assim
http://www.sobresites.com/poesia/forum/viewtopic.php?p=38861#38861

quinta-feira, 28 de julho de 2011

IDEIAS COLORIDAS

Quem gosta de gatos seria o leitor/a ideal para uma crónica sobre as capacidades psíquicas destes animais, na sua vertente doméstica ou selvagem. Perguntar-se-ão, o que sabe sobre este assunto o cronista?
Deixei a pergunta no ar… enquanto ela vai poisando, sem uma resposta imediata. Deixo que uma gata, meio selvagem, vivendo nos quintais desta rua e das que fecham o quarteirão, entre em transmissão psíquica.
Vejo-a adormecida, de olhos entreabertos. Ela dormita, descansada, mantendo-se alerta. Veio procurar companhia, é a este nível que o psiquismo funciona. Poderia deixar-se domesticar, em troca de companhia e bons tratos.
Essa é proposta minha para o leitor/a, acham impossível, difícil, desinteressante? Pois esse é o interesse da crónica, passar a curiosidade e o interesse. Esta gata é descendente de gatos divinos, só temos de fazer apelo ao que em nós há de adivinhos.
Ao nível da adivinha vou acabar, chegando finalmente ao inicio. A gata respira no meu cérebro, as suas ideias são coloridas. Parece o ar iluminado pela luz onde, uma poalha luminosa flutua, filtrada pela árvore que me cobre.


MEUS TOQUES

minhas mãos percorrendo seu corpo
procuram fazer esse perfil em versos
esculpindo-o com a riqueza do tropo
capaz de pedir sentidos mais diversos

boa sensualidade dessa pele intensa
onde a conversa para ser tem pressa
de chegar-se a corpo de quem pensa
fazendo com as ideias sua promessa

acasalam como as quadras e tercetos
na composição poética de um soneto
procurando filhos para ter seus netos

enquanto isto a razão se despiu toda
e entregou-se com paixão e prometo
        as palavras já celebraram a sua boda

quarta-feira, 27 de julho de 2011

PRAXE

Tenho uma amiga com quem falar é muito agradável, vai dar para uma crónica. Sentamos, olhamos um para o outro, cumprimos praxe. Coisa dum minuto, como se estivesse a nascer uma criança no momento! Fala primeiro quem achar que tem alguma coisa de importante para contar, nunca sou eu. Hoje fui eu, para variar.
Vou contar uma pequena história, podes contar a quem quiseres… não é segredo! Disse, continuei. Estava eu sentado a ver o mar, apareceu-me uma sereia muda. Fiquei mudo e não lhe consegui dizer nada, como deduzi que era muda? Não consegui ter a certeza, mas não resisto a saber a tua opinião.
Porque contei esta história? Ela não costuma respeitar o minuto de silêncio e já íamos no 00:01 da hora, quis distrai-la. Para crónica já chega, imagine ter uma crónica crónica? Quanto ao minuto… Deu para o aparecimento da sereia, enquanto pensei em Braille. O inventor da escrita lida pelos cegos; não quer assinar a crónica, porque será?...
Braille

Vou buscar o que ontem publiquei:
«
UMA MÚSICA

colho lírio branco
a brilhar no ar
aí plantado

é como sonho,
perfume

e há uma música...
Assim

http://tatuaanalfabeta.blogspot.com/2011/07/versos-dourados.html

CABELO CAÍDO

tinha uma folha larga onde os versos cresciam
quase desmesuradamente,
mas a poesia,

não querendo a desmesura,
fazia mesuras

à forma como SE/se enrolava nu cabelo caído
Assim

http://www.sobresites.com/poesia/forum/viewtopic.php?p=38845#38845

MENTE DEPRAVADA

arregaças
as saias à alma
para ela se deixar
fazer total e completa
mente depravada.!.
Assim

http://deliriosincessantes.blogspot.com/2011/06/words.html

UM VERSO

quando me esforço
para fazer comentários
como se fossem boa poesia

depois da primeira estância
vem logo uma segunda

às vezes dá um verso!
Assim

http://eroticamenteincorreto.blogspot.com/2011/07/100-amor-mas-com-humor-xxvi.html
»
http://www.sobresites.com/poesia/forum/viewtopic.php?p=38844#38844

terça-feira, 26 de julho de 2011

AGRAFO UMA E OUTRA NUVEM

PARÁGRAFO
Olho as mão, de seguida o teclado. Agora elas movem-se nele, a dança começou. A música? Oiço a ideia da dança, canta na minha cabeça. É um micro conto, p®onto.
R
UMA E OUTRA
Agrafo uma folha a outra, as duas folhas, formam um único documento. Agora vou escrever numa, logo vou escrever na outra. E foi, fui.
Ri
A NUVEM
Ruindo a alma desmorona como um prédio implodindo, o pó rodopia enquanto a nuvem está no ar… esta é a nuvem.
Rui

segunda-feira, 25 de julho de 2011

VERSO VINDA

«Entrega nua!»,
in "Convite ao Amor"
de Luli Coutinho

o tempo não passa
quando tu chegas,
nada já me massa
é mossa ou chagas

és a nossa poesia,
pois me descubro
em nós e fantasia
de prazer a cubro

numa leitura vária
de coisas diversas
toda a razão varia,
a realidade versas

domingo, 24 de julho de 2011

A PELE DO CORPO

A PELE DO CORPO

I
hoje isto é possível,
enquanto escrevo gravo
não só o que escrevo

também a minha imagem
fica digitalizada

é um momento variável

II
num segundo momento
imagino ainda este
o mesmo tempo

feito de momentos
sem dúvida

como a vida da poesia

III
convida à possibilidade
de ler em voz alta
esta ideia

e então será facto
tido em acto

a pele do corpo vestida

FALA

Se a poesia deve produzir imagens para que a possamos ver, o mais importante mesmo é que ela se faça ouvir, para dela sentirmos a voz. Deus é como um Cristo, de longo cabelo? O importante na voz do poeta, é o leitor tentar ouvi-la através da sua própria voz. Ao fazer isso, o leitor acrescenta a plasticidade latente na palavra escrita, liberta a energia potencial potenciando-a. Dito isto, também a prosa pode e deve ser lida, como uma fala.

sábado, 23 de julho de 2011

ARTE DE NÓS

Está feita a dedicatória. A informação dos dados brutos, não sendo filtrada, mostra apenas, é amostra: funciona como montra. Geralmente olhamos de fora as coisas, mesmo as obras com que nos envolvemos o suficiente para as ler... Chegando ao fim, arrumamos e rumamos a outra, vamos a uma próxima? Não, procuramos a vida, na obra.

Investir a vida numa obra, lê-la, estudá-la, senti-la, amá-la, aprender a_prender e a libertar a obra como parte de nós. Isto levou-me a tentar implicar na dedicatória uma história onde um nome é assinalado por um ponto assinado, assinalado... localizando um ponto para nós, tu e eu ou outro, a quem digo: Este é o livro (!)

Do meigo nomear: Tesouro, passando a ver o Touro no que és, é um estouro! São as mais variadas possibilidades do (o)vário, um desvario. Com isso, acredito ser possível dar corpo ao que vive da ternura à fúria, do carinho à luta, à meiguice e amor.

T(es)ouro…

X
Este é o livro

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A GRADE

Aguarde até ao fim, vamos ver como acaba. Maria é a portadora do nome que gosto mais, é o nome dela. Claro, gosto do nome e gosto dela. A tentação de me perder nos pormenores de “a grade” e aguarde… predem-se com os por maiores das pequenas coisas que fazem da escrita um ritual delirante. Esta dança ao som do batuque quando, como é o caso, em silêncio… vou escutando o som das teclas.
A grade fechou-se, ao som da música, sou a dançarina drogada dançando a sua última dança ou a primeira. Cada coisa como se fosse a última, viver como se me despedisse da vida em cada momento que passa e não volta. Maria move-se felina, dança gesticulando uma ginástica macia como os sonhos quando penetram até aos ossos na maciez da carne com a tensão dos músculos e as cartilagens em zonas de articulação, com alta precisão.
O que faz Maria, fecha os olhos e abandona-a à música. Fico a seguir a música hipnótica sem qualquer melodia, os dedos tocam e são tocados “o que está em baixo como o que está por cima”, a química emprega a alquimia. Quando a grade abrir, Maria será um sonho liberto, um voo de ave-do-paraíso, faisão de grande beleza abandonando a prisão da história que se abre, ao mundo maravilhoso da fantasia.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

SUPER(O)FÍCIE

Este blog alimenta-se do que me alimenta. Continuando a dar atenção aos comentários, uma resposta, um agradecimento, à pouco… deste momento. A pouco espaço do agora, onde o tempo vai ganhando volume, espalhando-se na superfície das letras.
Oficiando neste ofício onde procuramos (o) orifício, porá tentar penetrar O Infinito!

Com toda a sinceridade, gosto dos seus/teus comentários. Eles descobrem meandros onde o meio se divide, nas curvas do rio. Além de agradável, pelo apoio, é como um poiso. Dá para ser ave, levantar voo. Como diriam em saudação os romanos: ‒ Ave!... Saudações em todas as direcções, na esquina do momento. A_braços!!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

AMEI-O

AMEI-O

Sem saber as palavras, tendo uma ideia, um re_sumo… deixo ficar a polpa e o sumo, com o caroço e a pele, o fruto completo. A estrutura planto-a, como uma planta.
Desde sempre, há ideias para as quais procuro palavras, as mesmas ou outras, da mesma ideia em momentos diferentes. Uma das ideias recorrentes é a de pensar, sentir, presente_ar… o como a nossa presença se modifica a cada momento.
A escrita vive esta instabilidade procurando a pulsação, o coração batendo dentro do peito, no pulso, a transmitir-se ao impulso, donde mana a vontade que nos irmana, do antes até ao depois (não sabemos) a meio.
Amei-o, é o que disse ir dizer deste texto, mesmo antes de começar a escrever. É pois como um fruto, o fruto da escrita, onde se enraíza o coração e o cérebro, a emoção e a razão, tentando não perder o sentido do maior órgão do corpo.
Um último momento, este em que penso, estará à espera de resposta. Quem duvida qual seja o maior órgão do corpo? Só podemos ensinar alguma coisa a quem não sabe alguma coisa que sabemos mas, o que sei, é que o que queremos saber nas histórias, é o que vamos sentir… enquanto sentimos na pele, no maior órgão do nosso corpo.
Altura de dizer quando comecei a sentir este sentimento, voltar ao antes que existe só quando o ser duma coisa se forma. Foi quando pensei ficar a braços com o texto, comecei a amá-lo como a um filho ou um deus, um ser do qual ser queria e quero. Dele me separo, dizendo para quem nos ler: - Há braços para abraços!!
Viajo no tempo e volto a um momento que não está perdido, pois volta e regressa, sem pressa nem falta, para preencher a sensação de completude, talvez a mais completa das sensações!
A quem queira procurar sentir, essa sensação… A_braços!!

Um abraço muito especial, porque pessoal e próximo, aconchegado ao peito, a quem deixou comentário que ainda não tenha agradecido.
A qualidade dos comentários é vária e varia, mesmo se é sempre o prazer de receber uma visita que vem e fica vis(i)ta sem pressa, ou presença de mera ocasião, é uma pura part_ilha… Ilha o que fica rodeado de mar por todos os lados, um amar, de desfrutar prazer de cada um(a), cada comentário, toda a visita.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

ESSE ADJECTIVO...

A prosa é esta treta que trata de tudo, talvez por isso, prefiro a poesia. A poesia é um género literário definido por ser escrita em verso, dilatado para a prosa na prosa poética, para o formalismo desde o concretismo e já antes. Tem como característica tornar-se melódica e não pragmática, vivenciando a experiência do próprio entendimento do que é a poesia enquanto adjectivo capaz de caracterizar algo real, tangível, sensível. Nem toda a música é melódica, também a poesia é ritmo e pode ser um desafio, capaz de integrar o ruído?
Fazendo novo parágrafo, voltando ao inicio do primeiro. A poesia trata de tudo, mas não de qualquer maneira. Mesmo se a poesia pode ser muito diferente, para duas diferentes pessoas, não havendo duas pessoas iguais, havendo pessoas tão diferentes a poesia questiona a filosofia, a religião, tudo: vai do Tao ou Tau do Tauísmo ao tão
Gosto de procurar a prosa e deixá-la gravitar em torno desta ideia de saber o que é a poesia, esse adjectivo…
Poesia poesia, aquela que desperta sentimento do Belo, do Bem e do Bom, ou apenas sentimento… poético.
A diferença da Poesia é essa manifestação a que chamamos poema e elegemos como arte suprema do uso das palavras, da fala, do (seu) canto!

PERGUNTA SEM RESPOSTA

A ideia de que a dor faz doer
agrada ao masoquista?
Por um motivo de pertença
ao gosto da sofrer, Sim
Tendo em conta dar prazer
a quem a deseja, Não?
A negação é positiva..
dá à pergunta uma resposta!

O Assim, o que diz?

ACORDAR PARA O SONHO

as diferenças
deixam-nos indiferentes
quando temos fome, frio ou sono

durante o sono os sonhos fazem
do sonhador ser especial

poesia é este acordar para o sonho
Assim

Chamaram-me a atenção para:
http://www.bookess.com/read/389-o-provavel-/