domingo, 30 de dezembro de 2012

RELEVANTE

41. RELEVANTE
Volta e meia volto a ler livros que já li, nessas alturas nem sempre tenho a intensão de voltar a ler o livro. Entretenho-me a ler passagens do livro, descobrindo valores da escrita. Algo que só podemos descobrir quando não estamos virados para a história, procuramos a gramática do escrito.
Agrada-me fazer o mesmo com os meus textos, construí-los na base de um exercício da língua, tendo por finalidade não o desenvol-vimento dum argumento e sim argumentar com argúcia, seduzir a intuição, improvisar um improviso. Só depois de alcançar este desprendimento, é possível revelar o que é ir_relevante…

sábado, 29 de dezembro de 2012

POR ESTAS E POR OUTRAS

40. POR ESTAS E POR OUTRAS
Tentar surpreender o autor na sua obra, descobri-lo. Eis o que vou tentar fazer, na página 43 da edição que estou a ler de "Os Apanhadores de Conchas", Rosamunde Pilcher: «esforço-me sempre por emular a minha mãe: ser forte e independente de todos. Por outro lado, sinto necessidade de escrever, e o tipo de jornalismo que escolhi satisfá-la plenamente. Devo considerar-me uma mulher com sorte. Faço o que me agrada e sou remunerada por isso. Mas não é tudo. Existe uma compulsão algures, uma força motriz demasiado intensa para combater. Preciso do conflito de uma ocupação exigente, decisões, prazos a cumprir… das pressões, do fluxo de adrenalina.»
É sempre um abuso, esta tentativa de identificar o autor na voz de seus personagens. No entanto, não há como escapar, vez ou outra, nada da nossa observação falha, vamos à realidade surpreender a real_idade. Olhamos as palavras para além delas, surpreendemos quem as escreveu a escrever-se: a escrever_se (qualquer coisa para lá da lógica comezinha)… escrito, dito e feito, nu, no que fez a pensar-se?
É por estas e por outras que gosto do se (in)condicionalmente, procuro descondicionar projectando-O palavra totémica: SE, ideia capaz de dar belíssimo poema: se, num verso, (n)uma só palavra!
Quem descobre a arte – na realidade – é criador. Para ser artista, basta criar a arte que consegue ver, adi_vinhar… A arte: uma visão etílica da realidade!
Cá está, um exemplo aplicado, explicado, complicado? Sim, porque será sempre um dado estranho, precisa de ser entranhado.
Os artistas precisam de ser reconhecidos por outros, precisamos que o leitor se transforme em autor.

Bom, vou deixar de repetir isto até à exaustão, estou a chegar lá. Exausta? Nem pensar, realista.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

TEATRO DA DEVOÇÃO


39. TEATRO DA DEVOÇÃO

Escrevo a uma velocidade estonteante, pus na cabeça a tiara da primeira comunhão, dá-me sempre esta nitroglicerina instável, fico à espera de explodir e corro. Tentei sempre lembrar o sabor da hóstia, algo de inóspito. Substituo o sabor pelos olhos fechando lentamente, as mãos postas à frente do nariz, o meu ar de recolhimento, uma enorme vontade de rir.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

FANTASISTA

38. FANTASISTA
Página a página, aproximo-me do desfecho, do fecho do ano. Procuro fazer o Deve/Haver das coisas feitas e das coisas por fazer, está tudo feito e tudo por fazer. Sou uma fantasista, não sei levar a vida a sério.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

CONTEMPLANDO


37. CONTEMPLANDO
Andei toda a semana a fazer o presépio, na segunda apareceu a Nossa Senhora, na terça o São José, na quarta o menino Jesus, na quinta o burrinho, na sexta a vaquinha, no Sábado apanha de musgo e pedras, no domingo, escrevo contemplando o presépio.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

ENFEITE

36. ENFEITE
A árvore de Natal já ganhou feições modernistas há muitos anos, desisto de falar dessa experiência. Passo directamente para os enfeites, estou a pensar recortar com a tesoura esta folha, juntando "(um) enfeite".

domingo, 23 de dezembro de 2012

PRESÉPIO


35. PRESÉPIO

A mão da lélé falou para a mão da lili, trocando palavras sobre a lulu. A lili deu a mão, a conversa continuou até que chegou a lulu. Três grãos de areia juntos, lélé, lili e lulu, ficaram fazendo o presépio.

Boas Festas!!!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PRATO DE RATO

35. PRATO DE RATO
O conto virou rato e fugiu, com medo dum lagarto. O lagarto virou prato, enchi-o de palavras, o rato voltou. Foi então, o prato o devorou. Prato de rato o nomeia, dando nome ao prato, afinal lagarto, afinal… um conto. Uma fábula, onde os animais não falaram.
Gosto de ficar a ouvir a falta de ideias a falar, porque dá para entender que é uma dança, um equilíbrio ao ritmo dum improviso, nada sem o prazer de sentir a arte vocabular, encantada com as mãos do seu par, moldando as marcas do acompanhamento onde o sentir descobre seu prazer.
52)


Marcos Pizano
Acerca de mim
Jornalista e Professor, Editor Executivo do programa Caminhos da Roça, sobre cultura caipira e notícias do campo, que cobre o Interior de São Paulo e Sul de Minas. Agradeço ao Bispo pelo convite. O Tertúlia é muito bom!
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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

MISTURA DE TINTAS

34. MISTURA DE TINTAS

Dos dias colecciono momentos que tento registar com a ajuda de ideias, mesmo não tendo ideogramas para tentar exprimir a plasticidade simbólica duma caligrafia onde a sedução do gesto torna a escrita pintura. Procuro a mistura de tintas feitas de palavras, procurando deixá-las vivas, como um caleidoscópio mostrando a beleza de uma imagem, ziliões de possibilidades.
51)


Maria Marluce
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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

IVAL

33. IVAL
Não me lembro de nenhuma palavra que não conheça, desconhecer um significado é diferente de não conhecer a palavra. O referente está presente, basta pensá-lo. A palavra "ival" não existia, escrevi-a, ficou inventada pronta a ser solta no vento. Oval, aval, eval, uval, ival… As vogais, vogais da língua, são as suas porta-vozes.
50)


Alessandra Espínola
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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

PARÁGRAFO

33. PARÁGRAFO
Paro, para… reparar o caminho que sigo, sem reparação possível, atingindo a perfeição. Ave e plano, plano sem planos. Começo a planar, a vista alcança a presa, o final da folha. Já no verso, começo a pensar acabar. Ainda estou longe, vou fazer (um) parágrafo.
49)



Marilia Gonçalves
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domingo, 16 de dezembro de 2012

FALHA

32. FALHA

Escolher palavras para as escrever é como pintar, tendo paleta quase infinita de cor e humor(es). Quase por conta dos milhares de palavras num dicionário, sabendo lá não estarem todas e haver as que lá estão ainda desconhecidas por nós. Seria meu romance achar essas palavras, se um dia me dedicasse à escrita com essa feição/ficção. Procuraria conhecer todas as palavras dum livro, o/um dicionário, Bíblia da língua. No início… todas as palavras começam por procurar um sentido ou representar a falta, a falha... sentido/significado.
48)

Lenilda Leite Siqueira

sábado, 15 de dezembro de 2012

ESPERANÇA

32. ESPERANÇA

Começo a ler como se, a qualquer momento, pudesse ser informada de quem sou e o que faço aqui. Na verdade, a última coisa, a esperança, já devo ter perdido. Finalmente percebo, a esperança: é mesmo isto.
47)
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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

SAIA

31. SAIA 
A saia, incólume, pura e branca, tiro-a. Ensaio dois passos de dança, a ideia avança sem saia. Deixo o texto em branco, é a saia… caída, tirada, deixada a caiar de espanto o corpo exposto. 
46)


jumidlej
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

(O)CORREU

30. (O)CORREU
Correu atrás, correu à frente, desapareceu no mato.
– Era um alienígena infiltrado!
Ninguém ripostou, a história acabou.

"Entrou por uma porta saiu pela outra, quem quiser que conte outra", estribilho de contador de histórias.
45)

Acerca de mim
A impermanência nos faz reinventar...
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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

ROSTO DO DIA

29. ROSTO DO DIA

Olho o rosto do dia, para ver a sua expressão, olhando o meu rosto? Procurando um rasto, viajo no tempo. Dá-me palavras, para pensar a expressão. Sorrio com as linhas desse rosto, a mover-se ao sabor do humor. Humor bem-humorado, húmus de estar enamorada!
44)
Acerca de mim
Meu nome é Arlete Piedade, resido em Santarém (Portugal) de onde sou natural. Escrevo poesia e prosa, nomeadamente crónicas, artigos e contos. Sou colaboradora do jornal Raiz Online, locutora de rádio e Consul de Poetas del Mundo em Santarém e sócia fundadora da U.L.L.A.-União Lusófona das Letras e das Artes. Tenho os meus trabalhos publicados em diversos sites de literatura que podem aceder a partir da lista acima. Gosto de comunicar, fazer amizades, conhecer novas culturas e povos e o meu maior sonho era poder viajar para esses países que ambicionava visitar, mas nessa impossibilidade, entretanto vou conhecendo através deste meio virtual e das amizades que tenho conquistado na Internet.
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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

OLHAR ALHEIO

29. OLHAR ALHEIO
Consegue imaginar alguém a olhar para você com um olhar esquisito, como se não o visse? Esquisito não deve ser o termo mais certo, um olhar alheado. Desse lado alheio à realidade deixo terminar este parágrafo procurando... olhar alheio?
43)
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domingo, 9 de dezembro de 2012

VAZIO DE SENTIDO

28. VAZIO DE SENTIDO
Chego ao outro lado da rua e não me encontro, volto para trás. Estou agora a ver passar o transito, as ideias dominam-me. Como tenho esta ideia? É um mistério. Estou a pensar cruzar a rua, mesmo sem saber o que vou fazer ao outro lado. Andar sobre uma zebra, nome cheio de sentido figurado. Dou conta de ter escrito um... vazio de sentido?
42)

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O SUSTO

27. O SUSTO
Acho que a poesia assusta, é um susto bom. Uma forma de sentirmos a sua chegada, uma espécie de febre.
Começo a tentar, de forma insipiente, comparar os sintomas da febre com os dum susto. Só que, este, é uma palavra procurando outras palavras para si. Ao passá-lo para o texto, ao perdê-lo, encontro-me com ele. Ele é ela, ela sou eu.
41)

Hiperligações 
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