CRÓNICO

[ensaio sobre a realidade]
A realidade é como a poesia dos poemas, ela fica à guarda, guardada nos poemas. Um verso não tem leitura, se não for visto pela vista e/ou todos os outros sentidos.
Assim     ⃝ 26/03/2011

A (POESIA) E E.U

A
1 
Um rtice
começa numa extremidade
ou acaba.
Respira
como uma antena fixa
no horizonte.
Transporta o im-
prescindível à esfera
das formas.
Percorre
todas as figuras geométricas.

O leitor, mesmo não sabendo nada de mim, já sabe tudo que necessita para me perceber. Precisa sempre de personagens, estarei crónico na crónica. (...)
O que for escrevendo... aqui continuo.

CRÓNICO

2
Base
inicio o silêncio
por uma pedra.
Canto
um pássaro
no coração
e fico insatisfeito.
Reverdeço
a inclinação dos montes
e de mim
para eles parto.
Eco
transfigurado ao espanto
sou ilhéu
do instante sublinhado,
sublimado, 
resta saber como.
Então,
estremeço a sensibilidade
dentro de mim.
 Uma porta
abre para a rua
nua da palavra.

Penso que um livro tem uma função importante, ser para quem o deseja! Tendo em conta a sua importância, nunca me importei muito com os livros, embora me aconteçam com regularidade. É o que estou a procurar fazer, no caso, passar a limpo...


A
um
vértice
começa
numa ex-
tremidade
ou acaba
respira
como
uma
antena
fixa
no horizonte
transporta o im-
prescindível à esfera
das formas percorre
todas as figuras
geométricas

3
Perímetro.
Aspergir a natureza
da diferença.
Permitir a cadência
dum instante.
Ler a sinonímia
da costa.

É quase um abraço
ao universo.
O verso mais simples
fundamenta a esperança.

Não hoje, provavelmente a partir de amanhã, tal_vez... chegue fazendo/tendo um "clique". Provavelmente, poderá ter um clique, hoje mesmo. Basta  clicar em PUBLICIDADE!

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4
O rigor da medida
talvez desagúe num quase
mas, por hipótese, só
pode ser exacto.
Só assim se entende que,
de si para si,
um percurso exista
para o sujeito.
Essa é ou será
a liberdade, in-
completa sem limites
livres como ela.
Esse é o espaço.

Escrever um livro pode ser tão fácil, mas vejam como pode ser difícil, começa por depender da leitura onde ele perdure. Vou ler e transcrever, mais um poema do primeiro poema, continuando A. A primeira letra do abecedário, onde julguei ver emergir uma ilha... na ilha onde o escrevi.

PERDURAR 

5
O espaço
não limita
as formas,
               nem se
               limita
               nelas,
per cor re
               as
               sem
uma simulação
               de se
                       melhança

Quando me apercebo, começo a trabalhar as pausas, a descobrir o ritmo, descubro este rito. Um ritual onde me rio comigo mesmo de haver tristeza, mais ainda de conhecer o seu ri(s)o a desaguar sons no silêncio. Vou da nascente à voz onde mudo de mudo ao modo de modelar o casulo do silêncio a criar crisálidas, desvendo-as vendo a transparência tornar-se lúcida da sua opacidade, libertando luz: translúcida.

SONS NO SILÊNCIO

6
Amor
é como se
chama

uma palavra
pelo nome

que nos queima

Uma história onde nada sabemos e vamos ficando a saber o que nos é contado, o normal dos contos. A menos que nos remetam logo no inicio para uma história conhecida, permitindo acrescentar algo ao que nos é dito, com o que já sabíamos. Nesta história, fica dito e escrito que só eu sei o final da mesma, tendo esse facto dado incentivo à ideia para poder escrever: Algo Que Só Eu Sei.

ALGO QUE SÓ EU SEI

7
Eu queria nu
teu
      sorriso
                 recolher                            
                             à superfície

dos relevos.
                  Regresso,
como se
             iniciasse
as pulsões mais fortes
do corpo.

Cada dia em que vá acrescentando um poema do meu poema ao poema, é um dia do poema. Afinal os livros de Poesia não fariam sentido se não fossem sentidos como poesia. Quanto ao modo, fiquemo-nos pela maneira, procuremos ficar nus. Esta ideia só peca por tardia, quando tarda a despir-nos até nos deixar... nu(s)

PAPOPOÉTICO

8
O corpo
como uma órbita
habitada 
pelo significado,

esse planeta   essa estrela
cometa   astro   espaço,

dimensão?

A pergunta parece ter caído fora do mundo, gravita, é satélite, vou-lhe chamar: Lua.

LUA
http://diariodedetrasii.blogspot.com/2011/03/lua.html

9
A autenticidade é intenção!
Um declive nas palavras
… surgir, sugerir…

O surrealismo da questão
são palavras soltas
que se seguram…

Pulso a pulso, um exercício
de permanência no esforço:
intensidade, intenção, i…

e aspergir o silêncio
de incenso.

Se tivesse de ter uma tese, em tese tem-se sempre uma tese, a tese seria a seguinte: a realidade muda a cada mudança, é uma dança muda, em silêncio dita o que não diz, pensa-nos, deixa pensar, mora na percepção, vive da perspectiva.

ENSAIO SOBRE A REALIDADE
http://diariodedetrasii.blogspot.com/2011/03/ensaio-sobre-realidade.html


ENTRETEXTO

I
Estou aberto ao segredo de todas as coisas
e respiro
como a oliveira donde cai a azeitona
e canto

No destilar da emoção vivida ao sonho
o espanto
a tecer duma realidade em forma de rede
o canto

e o poema escreve-se como uma revelação

Cada leitura é um “entretexto” que procura o seu lugar dentro do texto, sobre o texto, debaixo do texto, ao lado? Mesmo quando passa ao lado, pode criar um enunciado.

ENUNCIADO
http://diariodedetrasii.blogspot.com/2011/04/enunciado.html


II
Quem segura nas rédeas do vento
e se
atira de cabeça para o firmamento
morre

de tédio se não descobre o canto
e se
desprende das palavras onde fica
livre

e escreve com sofreguidão   o fim

Esvaziar a duração, procurar a intemporalidade, a arte da Arte: a ideia da coisa, a coisa como ideia, aquela a quem ninguém corta a raiz. Fixe, diga o que disser, o que… disse. Passar o que a o quê, eis o trabalho onde não há atalho (quando acontece).

QUANDO ACONTECE
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[Fim do ENTRETEXTO]

10
O vazio é afrodisíaco
        ou será sensual?
Uma coisa sei,
        jamais casual.

Nu entanto cria-se,
cresceu e fez-se, é
        extraordinário.

Entretanto… entre
                  tanto.

Gosto de achar o que encontro e só depois encontrar o que acho, acho bem, mais ou menos, menos mal e mal, quando não acho nada o que também acontece. Gosto de Poesia, essa é a coisa mais certa de todas.
 

MEDITAÇÃO
http://diariodedetrasii.blogspot.com/2011/04/meditacao.html


11
Se existissem dinossauros
eu não queria nenhum
como animal doméstico.
É possível formular o-
piniões sobre o
inexistente. Existe o
existente.

Há na poesia um factor
que não se pode deter-
minar num poema
com menos de muitos versos.
Trato aqui do problema
da insistência. Necessita
de assistência.

Isto é apenas um isótopo
do diálogo em que o
problemático se problematiza.

Pareceria de parceria ambígua
amarelo com amora,
no entanto, amor… Amor.

Perante uma materialidade sem densidade espiritual, a emoção perde-se ou nem se chega a encontrar. Fica-nos sempre a possibilidade de olhar a areia, como uma interrogação. Prefiro olhá-la como tempo, areia guardada numa ampulheta, esperando ser virada do avesso e começar nova contagem

NOVA CONTAGEM
http://diariodedetrasii.blogspot.com/2011/04/esquina-da-ideia.html


12
Na sequência os movimentos do vento
sobre uma haste de milho

são ternos, lentos, cadentes ou
inexistentes, originais, iguais ou

rápidos, alucinados, exactos são
de intensa fruição ‒ sinais.

A existência dum destinatário dá bem a noção da importância do destino, aponta para além dele, onde se forma o conceito, a ideia, a veia por onde ela corre e cria o seu leito: o conceito.

O CONCEITO
http://diariodedetrasii.blogspot.com/2011/04/o-conceito.html


13

O centro. A relação.


Um umbigo num corpo

situa-se de acordo com a

                     situação?

Não, não é. É não, é.


O centro, a relação.


Não sabia o que fazer, fez o que sabia. Saiu-lhe uma obra díspar, diferente, captando influências de todo o mundo, algo transcendente. Foi a sua primeira “obra de arte”, outras se lhe seguiram. Tudo era inexplicável, só a beleza conseguida, a impressão causada, revelavam a natureza da obra.


O MESTRE
http://diariodedetrasii.blogspot.com/2011/04/o-mestre.html

Ontem acabei de passar “A (POESIA)”, o primeiro livro de “A (POESIA) E E.U”. Acabei “CRÓNICO”, acabei a crónica experimental de experimentar ler o que escrevi, ligando a leitura à escrita onde me tornei “crónico” durante alguns dias.
http://diariodedetrasii.blogspot.com/2011/04/uma-oracao-acoreana.html