terça-feira, 31 de maio de 2011

O ÚLTIMO VERSO

O ÚLTIMO VERSO

I
acompanhando o ritmo
a palavra toma o atalho da escrita
perdendo-se no deserto

mergulha os pés na areia
e profiro: - a palavra sou eu!

entrego-me à Poesia pela poesia!

II
escrevo como se fosse
partindo à procura do mestre
procurando substituir-me

deixo-me ficar em lótus
enquanto flutuo

visito a vida onde aqui a vivo

III
viajo em aporias
por viagens apofânticas
desenho fantasias

nunca desdenhar
importância do desenho

eis como surge “o último verso”

segunda-feira, 30 de maio de 2011

ALIMENTO A ODISSEIA

ALIMENTO A ODISSEIA

I
estou frente às mãos que escrevem
as palavras que me escrevem
e escrevo-as eu a elas

acendem-se como velas
abrindo seu pano ao vento

um verso trás às mãos o alimento

II
verso desliza como casco nas águas

vazio de dor ou de mágoas
meus versos são telas

escrevo o finito
fazendo uma parelha com o infinito
guardando coisas belas

III
meus pincéis são remos
mergulhando na transparência

descubro a minha odisseia
entre seus extremos

conjugam os meios das ideias
tendo por ciência os sentimentos

domingo, 29 de maio de 2011

(A) PALAVRA-CHAVE

segunda-feira, 30 de maio de 2011


(A) PALAVRA-CHAVE

O 1º Testamento estava destinado a ser o último, mas não havia último como o primeiro. O testamento devia continuar, sempre como se estivesse a começar. Começava assim, sempre como se estivesse a acabar. No durante, durando a duração, “a palavra-chave” era o SE da questão: saber o que se sabe, do que não se sabe o que seja mais do que ser, o que se deseja?
Deste modo começo, deixo uma saudação a quem me venha (a) ler. Começo por criar a palavra chave: (o) artigo definido escondido, porta aberta de ou para (um) espanto (ele) mesmo espantoso como a ventosa dum tentáculo de octópode.
O numero chave daria oito voltas à fechadura ac(c)ionando a cada volta um novo avanço da lingueta da fechadura da porta no umbral na parede onde se iria introduzindo mais profundamente, a cada volta.
A a(c)cão cada vez mais visível, visivelmente alterou o curso das coisas, ao tornar-se + real! Era como se uma palavra pudesse desejar, porque não poderia… se ficasse viva?

Nota: “Deste modo começo/ deixo saudação a/ quem venha/ ler” pois, repetindo a ideia, dando-lhe uma f®ase outra, mostro onde encontro o momento onde pensei criar o texto que publico aqui.

Cada pessoa deveria poder ter um deus, não à sua imagem e semelhança, se tivesse uma ideia melhor. Julgo não ter uma ideia melhor, deixando que o meu deus seja cada leitor e cada leitura será, segundo esta escritura: 1º Testamento – no último momento – nunca o derradeiro se for verdadeira a esperança sempre viva, da vida ser a flor da Poesia a rebentar de novo em cada poema; falta um exemplo, por exemplo:

VICE-VERSA

digo o que escrevo
até escrever - silêncio
onde inscrevo a música
ao compasso da quietude
onde abandono meu corpo
sonho que espera o sono ou…

sábado, 28 de maio de 2011

RAZÃO APARENTE & APARENTE RAZÃO

RAZÃO APARENTE

gosto dos poemas que me surpreendem
a pensar em ti desta forma desprevenida
onde a forma se transforma e transporta
sem causa ou razão aparente a aparecer

até se formar a primeira quadra e sentir
como é impossível parar só para escrever
Assim

APARENTE RAZÃO

sim, não pares, aparece como um verso
a procurar o seguinte juntando seguintes

todos juntam como marionetes seguras
pelos teus dedos a juntar com os meus
os fios de personagens animados dedos
a tocar nas teclas onde mexem palavras
Mim

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A MEDIDA DOS SENTIDOS

Achei que a tua história podia continuar onde eu começasse a comentar, mas achei melhor escrever antes de ler. A ideia parecia irracional, ao mesmo tempo que bastante razoável. Não, não iria escrever muito. Desdizendo-me, estava já com saudades de voltar a ler o que escreveste. Essa veste de palavras onde a tua fala se solta, livre como um corpo que não se sente preso em suas vestes, antes protegido e agasalhado no afago dum tecido, tecido com leveza e agrado para o olhar, como se feito houvesse sido para todos os sentidos.

Finalmente li a história, a minha “história” não faz sentido como comentário. Como história, pode ser uma história sem sentido, não perde o sentido por isso. Vou-a fazer como um voo ao encontro dos sentidos, nessa medida (a medida dos sentidos) ela faz todo o sentido.

Parabéns pelas imagens, pela forte ligação – às (a + as ~ as_as…) mesmas – com as quais são mostradas.


(lábios, a boca)

a valer
por mil,
palavras

guardando
a língua

(a) poesia
Assim

Beijos do nu coração no pulsar das estrelas, a sua Luz!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

1º TESTAMENTO

Sentia ter a idade dos seus sonhos, acabara de nascer naquele momento, como se dele fosse uma ideia como esta frase escrita da expressão dos olhos duma personagem feminina como a Virgem Maria no momento de ser fecundada por Deus, segundo/seguindo as escrituras? As escrituras levar-me-iam aos Testamentos, ora, desse modo começa e acaba de_pressa... como ideia peregrina em direcção ao Céu.
Tão completo e conclusivo, um parágrafo parou junto dum semáforo. Logo o vermelho se fez verde e está chegando ao laranja, onde apanho a cor como um fruto deste 1º Testamento.

terça-feira, 24 de maio de 2011

SABOREAR A POESIA

SABOREAR A POESIA

eu só sei que nada sei
o mesmo nada com que sei
saber tudo que sei

até nada saber
sabendo esse nada

como se saboreia a poesia!
PoetaR


A RELEITURA

Escrevo por que me divirto a escrever, fazendo-o de diferentes modos, em diferentes momentos. Gosto de ler o que escrevi:
«
[Os romanos não inventaram o 0, esse é um dos motivos para a sua numeração ter ficado ultrapassada...
Em cinco anos (2005, 2006, 2007, 2008, 2009) passaram-se mais de 4 anos, até hoje retomar:
«À conversa na escrita»
»
Esta é uma nota, seguindo a ligação, encontramos uma sequência estranha e atraente, acaba de me atrair, sigo-a:
«
187

A magia do teu nome/leva a imaginação a navegar/até onde o tempo encontra/um lugar bom para sonhar!
X

http://www.sobresites.com/poesia/forum/viewtopic.php?p=32842#32842
»
Seguindo a nova ligação não sigo a série, encontro:
«
X
FORMA INDISCRETA


Vou passar do caderno CORRESPONDÊNCIA SECRETA, publico de forma indiscreta.

Amor,
A magia do teu nome
leva a imaginação a navegar
até onde o tempo encontra
um lugar bom para sonhar!
Mim, te quero sempre
e muito
Assim

Amor,
Venho dos braços de Morfeu
para acordar para ti/você!
Queria ser a Poesia eu
para me dar a quem me lê!
Assim, te quero muito
e sempre
Mim
»
Nesta altura paro a leitura, sem saber o que ela procura, lançada que está em várias pistas, abre vários caminhos. Procuro um, volto atrás:
«
188

O que é que agora pretendo, pretendia e quero pretender? Reler o que escrevi, fazer um 69 com o “69” feito.
»
Descubro aquilo de que ainda me lembro, a releitura.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

SER E SENTIR

SER E SENTIR

faz da poesia isto
uma coisa capaz
de acontecer

com naturalidade
ela ai acontece

onde se deixa seR
R

Rastro dum astro eu astro, assino-me Assim, aprendiz de Mim? Personagem outro eu um outro e assim, Assim Mesmo, o mesmo. Até que ponto as palavras nos convencem, deixamo-nos vencer por elas, são substituíveis, como conhecer ou detectar a autenticidade esquecendo como uma pergunta termina... numa afirmação?
As palavras moldam-nos quando as tentamos... moldaR

Dei por mim a imaginar-me personagem, aprendiz duma personagem, personagem dum heterónimo. Como esta explicação me parece um pouco caótica, evitemos o caos. Sem uma receita óbvia, misturemos pós de perlim-pim-pim, numa só palavra: Assim.
Começa a sair fumo da garrafa? Pinga, é cachaça!
Não me pergunto o que quer dizer o que escrevi, escrevi.
R

sábado, 21 de maio de 2011

A CÉU ABERTO

A CÉU ABERTO

gosto de escrever sem interrupção um romance
sem me preocupar com o facto
de o mesmo
se poder
tornar infinito e ficar inacabado
mesmo depois de o dar por terminado

o mesmo acontece quando escrevo um poema
no imenso romance dum namoro
onde moro emerso
até imergir
na urgência de versos
onde partilho o tempo da leitura

quando o tempo se esgota
gosto de deixar o gosto como esgoto
para o mesmo procurando escrever “a céu aberto”



Hoje, antes de me ir deitar, ainda o dia de ontem não se dava por acabado, li. Responder, deixei para hoje. Convicto de que responder seja, agradecer.
Tenho seguido o que escreves, ultimamente movida pela música, inspiras e escreves. Penso ser o que aqui vim encontrar, leste «inspiras e escreves.»
Inspirar… respirar uma lufada de ar cheia de energia! Ser capaz disso, é uma inspiração.
Ontem escrevi um poema, não publiquei. Não o queria publicar sem responder a este sentir: «uma inspiração.»
Vou agora publicar, depois de agradecer.
O que penso ir fazer?
Agora tenho um blog, lá publicarei. Também publicarei em “Sobrepoesia(s)”, agradecendo e acompanhando tua/sua presença. Beijos.


EU EM MIM

onde nos encontramos
estando onde estiver
em qualquer lugar

somos poesia
sendo este o poema

descobrir “eu em mim”
Assim

MIM EU TU(A)

(um)a lua lugar ao sol
na órbita parada
do instante

à noite ou dia
saudando

sou dando saudade!...
Mim

Michael Jackson – BEN
http://youtu.be/cwAmpn8ISV0

quinta-feira, 19 de maio de 2011

NOVO

(três de três)

NOVO CAMINHO (1)

o tempo
criou um ritmo
mesmo antes de começar

acabou
por se tornar
pó de um novo caminho

DEVIR (2)

a perfeição
engelha as linhas
do rosto: cria-as

para rir
com o seu verso
(o próprio) devir

PELA LUA (3)

o meu poema
cresça idealizado
sem forma
andando pelos versos
das palavras
feitos de silêncio
prontos para ser
sonhados luares
de dias iluminados
Assim

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O SILÊNCIO & A MÚSICA

SEGREDO O SILÊNCIO

o que acontece
apetece dizer único
como um acento tónico

depois do tónico
o eco engolido

caminha com o segredo
Assim

SEGREDO A MÚSICA

teus ecos em meu ser
são meu ser tocado
como por vinho

só há a música
para dizer

o soletrado se-gre-do
Mim

domingo, 15 de maio de 2011

ADEUS

Agradam-me frases cuja interrogativa parece estar presente mesmo na afirmativa, elas parecem interrogar-nos, mesmo quando através delas queremos afirmar o que dizemos. Quem sou eu, é uma delas.
Sou alguém que chega atrasado ao dia da sua desaparição, teria sido perfeita a 13 de Maio, uma sexta-feira. Haveria magia nesta religião e ficaria situada neste blog, blog!... Afundar-se-ia na hora certa, há hora certa, no dia certo. Ao certo, a hora, qualquer uma, o dia, esse.
Vamos aos esses, só falta uma frase e a despedida fica feita. Sou um seguidor da Virgem? Autor, passo a publicar de forma física, não virtual. Sigo um exemplo que não é, nem pretende ser, exemplar. É exemplar: O ADEUS.

terça-feira, 10 de maio de 2011

TEMPO A PASSAR & PASSAR O TEMPO

TEMPO A PASSAR

eu gostaria cantar
meu contar como é
ficar aqui ouvindo

passarinho livre
ladrar de cão preso

e o tempo a passar
Assim

PASSAR O TEMPO

eu quero teu beijo
na falta dele vou ir
até ao meu desejo

livre passarinho
canta como só ele

meu passatempo
Mim

A SORRIR

Escrever Poesia é uma arte onde a noção de composição é muito presente, talvez tanto como na Música. Não é estranho a aproximação entre estas duas artes, ambas registam uma escrita de sons. A Poesia vai mais longe, é menos abstracta mas a sua verdadeira natureza é o canto, a voz modelada, erguendo-se liberta! Começam os formalismos; a liberdade é expressão, no voto, na linguagem e acção...

*A SORRIR

um anjo mudo
olhando o mundo
convoco para vir ver
meu eu a tentar vê-lo*


Ligação, para quem quiser seguir nas suas transformações a vida do texto.