UMA FOTO

I - PARA LÁ DO HORIZONTE

a palavra cresce para lá do mundo longamente

na noite espaço como cosmos aberto para lá da Terra

encontra para lá do horizonte o universo de todos os versos

construindo novos horizontes para cá dos limites definidos

dentro de momentos aquecidos no cadinho

onde o sal et cetera e tal...

fazendo contas à vida desde as expressões idiomáticas

até às matemáticas elaboradas com derivadas e integrais

onde as funções estabelecem novos domínios e imaginários

II - A FLUIDEZ

transforma as palavras no teu coração

fazendo-as pão e vinho

de todas as transmutações existências

afectivas racionais ou emotivas

e por motivo bastará a composição

procurando dar à prosa o destino

duma Rosa Mística

da alquimia alargo os horizontes

para uma tradição esotérica escondida

na percepção profunda dos versos

onde se acende a Luz e brilha

conhecimento imanente

capaz de dimanar sua a fluidez

necessária para articular tudo no todo

raça alienígena todos somos

os herdeiros do sonho verdadeiro

capaz de visitar o cosmo como

lugar eleito para berço das estrelas

em todas as dimensões evolutivas

com a voluta crescendo feita espiral

onde se penetra da parte à totalidade

III - OLHO

construo

a verticalidade

das frases

coadas na fieira

do tempo

procuro-me

medida certa

para medir

intensidade

luminosa

apenas a olho

sou o sensor

da sensibilidade

necessária

para uma foto

{Aqui a "exposição" é o que não se pode mostrar, nu tempo de disparo do obturador... da atenção!}