quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dia 4

COMPROMETIMENTO

O comprometimento com as palavras é tão difícil como com o amor, um emprego, seja o que for; só resulta quando é (ou se transforma) uma necessidade. Trabalho porque necessito de ganhar a vida, amo porque necessito amor, escrevo porque... criei este comprometimento com as palavras. Efectivamente, escrevo porque me comprometi a escrever todos os dias, ou todos os dias pensar escrever. Quando não escrevo sinto-me em dívida para com a vida, porquê? Porque decidi fazer da vida uma escrita, uma história. Essa história aconteceu quando tinha dezoito anos, tornou-se uma preocupação aos quinze, deu sinal de vida aos nove.
Aos nove anos pensei escrever um livro, só através duma história conseguiria representar o como terá sido. A maioria das histórias, para serem bem representadas, vejo-as como peças de teatro. Passado este acto, aos quinze comecei a pensar o que queria ser como artista. Ser artista não é uma coisa que se é, é algo que se tem de querer ser de forma consciente. Caso contrário: somos artistas para os outros? Outros... seriam os artistas, porque não. Ou seja, a resposta depende sempre de quem a dê. A minha, serve para a dar, não a vendo... é sem venda, de olhos fechados ou abertos, é visão!
Pensar a Arte, a necessidade de fazer arte: esta foi é, sempre será, a minha necessidade básica, procurar a perfeição em algo que... vi_vemos. Obriga a pensar a realidade como algo real, uma construção partilhável da realidade, uma ficção, a "construção do real".
Toda a arte é ficção, desejo de transcendência, busca, demanda do Bem, Bom, Belo!


UMA HISTÓRIA

«Parece-me que a presença do leitor é apenas uma desculpa para escrever ou escreverem, não seja por falta dum comentário que a história continue./ Boa sorte!»
Com certeza há sorte que não é boa, quando se entende que as coisas feitas à sorte dão azar. Cabe-nos agradecer, desejando também Boa sorte! Esperando mesmo partilhar a nossa Boa sorte, pois se nos sairmos bem, fácil será admitir poder entreter o leitor. Mais difícil se o próximo comentário for igualmente despido: nu e cru, quem nos escreve disse tudo dando pouca margem para improvisar. Serve o exemplo para a perspectiva e personalidade de cada um, escolher "o copo meio cheio ou o copo meio vazio". O mais breve comentário pode ser encarado como aquele que deixa "tudo em aberto", abrindo caminho às mais diversas possibilidades para uma resposta.
A ideia de história foi, logo de imediato, o que mais nos chamou a atenção. Esperamos que o uso do nós do sujeito narrador seja curioso e simultaneamente pacifico, pouco importante. Por certo irá condicionar a abordagem duma história onde não estamos muito apostados em construir "uma história", mesmo trabalhando para ela, olhando-a como resultado da acção de sujeito, predicados e complementos directos: indo aos elementos gramaticais das diferentes frases e deixando os verbos falarem do tempo e do modo como se flexiona a escrita em função de reflexões tão maleáveis como uma erva a mover-se por acção do vento.
A existência dos dias úteis deve servir para valorizar os feriados? A resposta a esta pergunta fica à espera do próximo feriado! Se passar despercebido, o Futuro continuará na mesma garantido. Isto damos por certo, se não começarmos a dar atenção à aniquilação diária das espécie, à destruição constante de todo o tipo de eco sistemas, à fome no mundo, acompanhada da mortalidade infantil e não só, até chegarmos às maravilhas da técnica que nos dá a possibilidade de sermos a muito curto prazo portadores desde nascença dum micro-chip que informe as autoridades de quem somos, onde estamos, o que fazemos, com quem e, se possível, com que motivo e intenção.
"Somos escravos da nossa condição humana", esta citação, não sendo de nenhum leitor, serve para acabar em beleza mostrando a falta de beleza dos horizonte lúcidos da realidade objectiva e da poluição que também é cognitiva. Poluentes? Sim, procurando um efeito detergente. Como a explicação se mostra um busílis, deixemos o busílis ficar calma e recatadamente em sossego. Vamos à procura dum final onde, voltando ao comentário, possamos dar conclusão à desculpa fornecida de bandeja: a presença do leitor. Aguardando que a mesma se continue a verificar, iremos continuar a verificar o email maria_manuel@.
{Continuação deste/neste mês @}

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