sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Dia 12

A FILOSOFIA EM ASSIM

Qualquer um que ceda perante uma educação feita à base de ideias institucionalizadas como boas e válidas: vá (todas as que são...) lidas (com bom senso) da maneira mais comum, conforme, conformada, formada por gerações e gerações, cedeu o seu eu a eus que são como deus a tutelar totémico a  mentalidade social de cada sócio com que deparamos na partilha da realidade, alheia ao real que teima em vingar de forma pessoal ou, mais ou menos, individual; cada um que tenta resistir, à tentação de partilhar o seu bom senso. Eu sou esse indivíduo que rejeita a massificação e faz do "bom senso" uma filosofia prematura do que deve ser um bom senso inorgânico, desarticulado dum todo ideológico: não assimilável. A partir deste enunciado, rejeito toda a Filosofia, não amo a sabedoria passível de ser aceite por Gregos e Troianos.
Quando me ponho a questão de saber o que escrevo e porque escrevo, cedo ao que me é improvável e provo da Filosofia este desafio terreno de procurar no solo da escrita as sementes das ideias desenterradas pelos frutos, trazendo ainda um ressumar do suco bebido à terra pelas raízes dos tropos. Dá-se esta "arte da fuga" onde o tema persegue o tema e o modula até o conseguir mudar num modo de perseguição e fuga onde a cauda descobre a boca do cão e morde a língua sem o deixar ganir na mão do poeta entregue a um verso suspenso da inutilidade inútil do que torna útil a ruptura onde se molda o molde modelando a forma, a ponto de podermos apontar uma origem para os seguintes

SALMOS

SALMO I - O HIATO

ó noite, acolhe o silêncio
com a doçura costumeira usada
para aceitares palavras ocas
feitas como ecos dessa voz
pronta a mergulhar no corpo
da noite imensa e intemporal
onde mora o meu poema

nesta demora de o escrever
sem a pressa nenhuma capaz
de vencer o hiato onde sou
aquele que se ata ao leme
neste acto dum teatro mudo
feito dos gestos calmos
de quem gostaria ler salmos?

SALMO II - FIAT LUX

a violência vive a metamorfose
deixando a crisálida muda mudar
no movimento dum "fiat Lux!"
(faça-se Luz!) sobre a areia
praia do tempo em rebentação
feita rotação à mão que roda
ampulheta cheia de areia inerte
pronta a correr tempo guardado

na asa do vento recolhido voz
dum mar interior aos búzios
cheios de ecoar imensamente
redundantes na orla litoral
à qual a musa dá seus seios
na fome nascente do vampiro

SALMO III - QUIETUDE

escuta a apressada conclusão
capaz de conduzir à música
a sinfonia inacabada ao todo
exprimindo orquestra hilariante

deixo os dentes a rir paralíticos
as gengivas duma ideia pronta
para morder sem pensamento
mal ela abra a boca insólita

falta-me concluir mais a quadra
que deixa incompleta quietude
para a criança deixar pegada
de "pé de valsa" quando adulta?

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