terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O MAR E OS JASMINS



O MAR E OS JASMINS

– PABLO NERUDA



DE TUA MÃO pequena em outra hora

saíram criaturas

debulhadas

no espanto da geografia.

Assim voltou Camões

para deixar um ramo de jasmins

que continuou florescendo.

A inteligência ardeu como uma vinha

de transparentes uvas

em sua raça.

Guerra Junqueiro entre as ondas

deixou tombar seu trovão

de liberdade bravia

que transportou o oceano em seu canto,

e outros multiplicaram

teu esplendor de roseiras e cachos

como de teu território estreito

brotassem grandes mãos

derramando sementes

para toda a terra.



No entanto

o tempo enterrou.



O pó clerical

acumulado em Coimbra

caiu em teu rosto

de laranja oceânica

e cobriu o esplendor de tua cintura.

Diário II
Leitura de blogista que sigo com proveito, do Blog Panorama para aqui trouxe Pablo Neruda no poema que dá nome à publicação.

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