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Sexta-feira, 1 de Outubro de 2010

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Dá-me jeito começar pelo fim, saber de antemão onde irei chegar quando concluir a história, não que sempre o faça. Dizer isto não é o mesmo que não dizer nada, mesmo nada decidindo sobre o que já tiver acontecido. Há uma ideia genérica, escrever as 24h dum dia. Começando hoje às 24h transformadas em 0h, charneira do dia, dobradiça do tempo, janela aberta a grande altura, num 24º andar onde não vale a pena ir à janela procurar a luz do dia quando este ainda é noite.
A perfeição dos parágrafos surge quando eles se transformam em versos, deixando pensar a prosa como um longo poema que não espera limitar a sua existência a uma linha, antes a desenvolvendo e dando em várias cuja essência faz parte da natureza narrativa do texto quando nele encetamos da ficção o rosto numa expressão que tentamos desencadear, na procura de arrancar alguma emoção do leitor que interioriza o que lê.  
O “verso” anterior não me leva a lado nenhum, apenas colecciono boas intenções sem delas chegar a sair, a não ser que desenvolva uma ideia. Sendo racional e lógico, vou procurar desenvolver um silogismo.
Ainda vão dizer que a morte nunca mais foi a mesma depois que o psicodélico Timothy Leary a curtiu numa boa, via Internet. Ao contrário de Woody Allen, ele não só não temia a morte como adorou estar vivo quando ela bateu à sua porta. Como ela há muito se anunciara, sobrou tempo para Leary bolar suas últimas palavras com o mesmo capricho de quem vai, não para os campos elíseos, mas para a entrega do Oscar. Na hora h, preferiu ser breve: "Why not? Yeah!" (Por que não? Sim!).
Breve, impávido, mas nada brilhante.
Em seu lugar, Woody Allen talvez dissesse algo mais inteligente ou mais engraçado. "Rosebud", por exemplo. Ou, então, "Misericórdia divina, será que Rico chegou ao fim?"

(Quase todo mundo sabe que "Rosebud" foi a última coisa que o personagem de Orson Welles em Cidadão Kane pronunciou antes de morrer. Poucos, no entanto, ainda se lembram do epílogo de Alma no Lodo, quando o gângster Rico Bandello, aliás Edward G. Robinson, crivado de balas pela polícia, perguntava aos céus se sua hora afinal havia chegado.)

Mas é bem possível que Woody Allen, ao bater as botas, trema nas bases, perca o senso de humor e não se saia tão galhardamente quanto o poeta americano Hart Crane e o romancista inglês H.H. Munro, mais conhecido como Saki. Ao se jogar ao mar de um navio que o trazia do México, em 1932, Crane não se esqueceu de se despedir da turma do convés: "Adeus, pessoal!" Saki, apesar de atingido mortalmente por um tiro, em plena guerra, ainda encontrou forças para ordenar a um tabagista a seu lado: "Apague a porcaria desse cigarro!" Bravos rapazes. Enfrentar a morte com galhardia é proeza pra macho. Apesar das aparências, Oscar Wilde era um deles. Segundos antes de abotoar o paletó, pediu mais uma taça de champanhe e, sem perder o velho aplomb, comentou: "Estou morrendo como sempre vivi, além das minhas posses."

A despedida de Wilde é uma das minhas favoritas. Páreo duro com a de Goethe ("Mais luz!"), talvez a mais conhecida de todas depois do perdão que Cristo reivindicou na cruz para seus algozes.

Parece que sempre escurece quando entregamos a alma a Deus. "Acendam as luzes", ordenou o escritor O. Henry em seu leito de morte. "Eu não quero ir pra casa no escuro", acrescentou - e em seguida esticou as canelas. Acontece que na casa para onde ele ia tampouco havia luz, pois, segundo consta, do "outro lado" reinam as trevas - ao menos enquanto não decidem o nosso destino final, se o paraíso ou o inferno. Precavido, o filósofo Jean-Jacques Rousseau, ao empacotar, anunciou: "Vou ver o sol pela última vez."

Dorothy Parker morreu dormindo. É de se esperar que ela fizesse alguma gracinha antes de dar seu último suspiro. Na verdade ela fez, porém muito antes de vestir a camisola de madeira, quando escolheu os dizeres de sua lápide: "Pardon my dust" (Desculpe o pó), debochada alusão à substância a que a morte nos remete. Nisso igualou-se ao poeta inglês John Keats, que embora tenha sucumbido à tuberculose na presença de uma testemunha (o pintor Joseph Severn, a quem disse: "Vou morrer naturalmente. Não se assuste. Graças a Deus chegou a minha hora", tendo ao fundo uma sonata de Brahms), será sempre lembrado pela inscrição que sugeriu para a sua tumba: "Sinto as flores crescendo em cima de mim."

A propósito, nem todas as pessoas engraçadas que não morrem dormindo expiram com um chiste na ponta da língua. Sérgio Porto, o saudoso Stanislaw Ponte Preta, não soltou uma piada ao ser fulminado por um enfarte em 1968, mas a maneira como pediu à empregada que se comportasse naquele momento traiu o humorista: "Não olhe para mim, não, Lena, que eu estou apagando." Também era uma criada que o ex-campeão mundial de pesos pesados Max Baer tinha a seu lado quando, no ano seguinte, entregou suas luvas ao Todo Poderoso: "Oh, Deus, lá vou eu."

O estilo é o homem. Assis Chateaubriand exibiu sua autoridade até o fim: "Não vou escrever nem editar mais nada!". Se Voltaire foi trivial ("Me deixem morrer em paz"), Diderot nem a um passo da eternidade parou de filosofar. "O primeiro passo rumo à filosofia é a incredulidade", sentenciou em seu leito de morte. Charles Darwin mostrou-se modesto na hora de ajustar suas contas com o Criador. "Eu não tenho menos medo de morrer que os outros", confessou - e, como os outros, foi virar comida de minhoca.

No extremo oposto, encontramos Hegel, que mordeu o pó com a seguinte observação: "Só um homem conseguiu me entender... e não me entendeu direito." Um século mais tarde, outro gênio da opacidade, James Joyce, se despediria desta com uma pergunta enigmática: "Será que ninguém entende?". Joyce foi fiel a si mesmo até na hora de entregar a rapadura.

Seu conterrâneo George Bernard Shaw não ficou atrás. Ranzinza como ele só, irritou-se com a enfermeira que se esfalfava para mantê-lo vivo: "Irmã, você está tentando me manter vivo como uma peça de antiguidade, mas eu já acabei, cheguei ao fim, estou morrendo." E morreu mesmo. Com uma antiga idade, 94 anos.

Outro modelo de autenticidade, o empresário P.T. Barnum, dono dos mais luxuosos picadeiros da América no final do século passado, despediu-se do mundo dos vivos falando do que mais entendia: negócios. "Como foi a venda de ingressos hoje no Madison Square Garden?", perguntou a um assistente - e apagou. Se não me engano, demorou a morrer, padecendo um longo coma, do qual nunca emergiu. Tal não foi o caso do teatrólogo e grande frasista da Broadway Wilson Mizner, que ao sair do coma ainda teve cabeça para dar um fora no padre que tentava convencê-lo dos benefícios da confissão: "Por que me abrir com você se já falei com o seu patrão?"

As últimas palavras de Graciliano Ramos também foram proferidas na volta de um coma. Não, ele não se queixou de estar perto do fim ("Estou acabado", teria dito, segundo algumas versões). A víuva do escritor, Heloísa Ramos, conta que na verdade ele saiu do coma, olhou para ela, deu um sorriso crivado de ternura e dor, encostou a mão espalmada no rosto dela, sussurou "mamãezinha" e dormiu para sempre.

A morte do velho Graça não foi a única a ter mais de uma versão. Há quem sustente que Rabelais, ao morrer, disse estar indo "para o grande talvez". Outros, no entanto, asseguram que ele, bem ao seu estilo, ordenou aos circunstantes: "Desçam as cortinas, a farsa acabou." As last words de Byron também produziram discussões, a meu ver irrelevantes. Afinal, que diferença existe entre "agora, vou dormir" e "tenho de dormir agora"? Controvérsia mais procedente suscitaram as últimas palavras de Edgar Allan Poe. Para uns, ele teria clamado "Deus tenha pena de minha pobre alma". Segundo outros, Poe implorou que lhe estourassem os miolos com um tiro.

O dramaturgo norueguês Henrik Ibsen e o compositor alemão Arnold Schoenberg saíram de cena do mesmo jeito. A enfermeira entra no quarto e diz que ele (Ibsen, em 1906; Schoenberg, em 1951) está melhorando. "Ao contrário", contesta o moribundo, morrendo logo depois. Com o escritor inglês D.H. Lawrence ocorreu justamente o inverso. Suas últimas palavras traíam um otimismo descabido: "Estou melhor agora."

Tolstoi preocupou-se mais com a forma de sua morte ("E os camponeses? Como é que os camponeses morrem?") do que com o seu, digamos, conteúdo. Sócrates revelou-se um moribundo tão pragmático quanto P.T. Barnum. Antes de baixar sepultura, pediu a Cristo que saldasse uma dívida para ele. Platão? Limitou-se a agradecer por ter nascido homem, grego e contemporâneo de Péricles.

Nossa maior glória literária, Machado de Assis, foi mais abrangente que Platão. Cercado por seis amigos, entre os quais Euclides da Cunha, José Veríssimo e Coelho Neto, reservou o que ainda restava de seu fôlego para admitir que "a vida é boa". E só então partiu de vez.

Para amainar um pouco o tom forçosamente fúnebre desta página, ressuscito a mais divertida de todas as despedidas desta vida. Protagonista: o trêfego José do Patrocínio Filho, finado em 1929. Quando estava nas últimas, arruinado por drogas e biritas, sem apetite para nada, seu médico apelou para um alimento especial: leite humano. Ao ver a dificuldade com que a enfermeira tirava o leite dos belos e fartos seios de uma doadora profissional, para depositá-lo numa minúscula colher, Zequinha do Patrocínio arregalou os olhos e sugeriu: "Doutor, não é melhor eu mamar?". E em seguida foi mamar no além.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no "Caderno2", de O Estado de S.Paulo, a 15 de junho de 1996.


No terceiro parágrafo, a contar do fim, o autor põe Sócrates (
469399 a.C), antes de morrer, a pedir a Cristo que saldasse uma divida dele. Seria um encargo digno dum deus, um dívida já com séculos de juros.


§
 
Série de fotos acrescentada a 25, onde incluo breve história.
Cálice 1
 Cálice 2
 Cálice 3
 Cálice 4
 Cálice 5
 "CUIDADO"
}

Sábado, 2 de Outubro de 2010
2

O mês começou ontem, tentarei ir à procura de qualquer coisa: vir todos os dias. Em relação ao dia de ontem, hei-de fazê-lo, passando do que fiz.
De hoje?
Tinha acabado de escrever, dentro dum texto, dentro de aspas:


«
a dor do que não foi
é o que fica, seja adepto
do Porto, Sporting, Benfica?...
»
Adapta-se na maravilha!


§


Acabo de ter de decidir como publico um texto já publicado, no caso vai ser no dia em que o escrevi! O endereço da publicação prévia:
http://nanquin.blogspot.com/2010/09/vassoura-indecisa-francisco-coimbra.html
De seguida, a publicação pretérita...
http://diariodedetrasii.blogspot.com/2010/10/vassoura-indecisa.html


Domingo, 3 de Outubro de 2010
3

BEIJO RUBRO

procuro com a alma
as palavras que chamo
até ficar em calma acesa

neste labor procuro
teu beijo rubro

até ser n_osso...
Assim

RUBRO BEIJO

a alma cresce-me
a bater dentro do peito
a canção do amor

a água dum beijo
a brotar na boca

a abro às nossas línguas
Mim

CANÇÃO DO AMOR
esta agitação
feita agir móvel
em meu coração

é em poesia pura
a pura poesia

esta tentativa a ler!
R

HUM?...

quando o poeta
se esquece do poema
para se entregar às palavras

pego num rolo
de papel higiénico
para folhear...

desfolho o cilindro
num amontoado branco
duma lista vazia

gera-se uma imagem
tão pura e cristalina
como uma bolota

sou sempre assim
sem batota
digo

essa poesia
de todas as coisas
para qualquer pessoa

no fim
acrescento
o meu nome à lista

Um!... Francisco Coimbra

(!... assim, é a ejacular.!.)

Chamo a atenção para a poesia da Mim, onde de pequenos beijos "a" entra num final e imenso "a" (linguado). Uma poesia cuja interpretação nos coloca como intérpretes, chamando-nos... para o poema (nus). Com esta alma também, Assim mais uma vez começa, sempre onde as palavras nos tocam...
Bom Domingo!

A PURA POESIA

estou em apuros,
os pardais puros afastam
os canários

não tenho quem cante
no meu quintal

O Professor Pardal
(inventor da banda desenhada)

Sinto-me provocador, se não é do Outono, não será do tempo. Coisa imperdoável e estranha, possivelmente impossível:  ̶  O tempo é causa de tudo, assim falou um mudo. @

Segunda-feira, 4 de Outubro de 2010
4

Todos os dias escrevo um poema, quando não me contento em tentar escrever apenas isso, é isto...
Não estou para ficar à espera de sentir "a emoção poética" visitar-me, procuremos a imaginação através de imagens. Imaginemos...
Um homem erecto, sonha com a lua: fá-la levitar como se ele fosse um falo e ela... a imagem: a gota de água!...
Com a ajuda da imagem que fui buscar, ilustro.

PINGA

o homem é um falo
erguido.!.erecto
como erecção

ejaculando a Lua
dando vida

com enorme poesia

II
pode não querer
mais do que
ter isto

breves instante
no momento

nu e ele_mentar...

III
o seu canto
este meu canto
ergue-se do mundo

desce até à terra
talvez pingue

pinga se chover!...
Assim

Quem conhece um mestre e com ele pode aprender, medita e deixa-se ficar a ler, a tentar... apreender. Tem de tentar, tem de sair do seu ser para entra no seu ser. Vejamos então... "desejo" é uma palavra-chave na poética do Assim. Mais tarde ou mais cedo, temos de nos tornar mestres de nós próprios. Conhecer o mestre como heterónimo meu, é um modo de transcender a realidade. Aqui a deixo, aqui a dou a ler, até que me doa a Língua... que doa a música que procuro para o canto.

DESEJO

claro como a água
o meu desejo
Assim

ENSEJO

eu sou uma gruta
à tua espera
Mim

Os mestres às vezes tiram-nos espaço, o que faço?

ARDENTE

claro como o vinho...
quero bagaço

Deixemos arder a água nas nossas células, quando nos mata a sede; nessa sede, não temos mestres, somos nós mesmos?
Viajando à procura de conhecimento:

BELEZA

desvenda tua poesia
fazendo-me
poeta

recebendo dando
seu desejo

nu verso.!.do poema
Assim


CERTEZA

I

beleza
o que dentro
de nós nos toca
com toda a certeza

II

a beleza confunde-se com a certeza
porque ela é nossa substância
e garante de subsistência
tanto mental como
espiritual
tanto das ideias
como dos nossos ideais
ela alimenta sentimentos reais
mas também a fantasia e a pureza

não é de definição fácil de se fazer
pois não é finita e fita o infinito
para bem longe do bonito
conceptual
pois existe viva e comovida
faz parte da experiência é vida
como mostra tudo que se dá a ser

III

distinta de tudo, em tudo presente
ela é da vida a maior das dádivas
feita do que se sente é improvável

alicerçada no gosto bem confiável
alimenta o juízo possível das divas
a quem as escuta crendo-as gente

Terça-feira, 5 de Outubro de 2010
5

VIVA A REPÚBLICA!

NA(S) ALTURA(S)

Estava na altura de darem uma... micro narrativa: se ela abris_se as pernas... eLe entra(ria...) de cabeça.!. como um deus

O ANEL

Óssana nas alturas, ouçam-na e rendam-se; tudo se foi, anéis e rendas... eLes formam o Anel: um, nu outro [(O) outro]... os dois

SAMBA

Assiste um gato, assusta-se e corre, passa um carro e mata-o (imortalizando)... "ficou na contra-mão atrapalhando o tráfego", "Samba" o gato; toca, na rádio, uma música do Chico [Buarque de Holanda]

O OUTRO

Virou novela, o sequestrador, não só não soube dizer o seu nome como disse mais, afirmando ser "o outro" e agradecendo ser tratado como "o outro" (o que faz sentido)

VIVA O 5 DE OUTUBRO!!!

"A poética do conto"

Quarta-feira, 6 de Outubro de 2010
6

Já hoje o dia é o final da noite, antes da noite começar a ser noite noutro dia que dela sairá na aurora. Nome de fenómeno que tão pouco tenho acompanhado, a não ser cansado, antes de deitar.
Não estou para a prosa, vou ao Assim & Mim, passando do caderno onde ontem estaria a ler por esta hora:

RETIRO A MÃO



a disposição do candeeiro
faz com que a luz ilumine
as costas à minha mão


o que escrevo fica assim
fazendo versos na sombra


até iluminar o poema! se...
Assim


SONHO AS MÃOS

I

escrevo de olhos fechados
a ideia do que quero dizer
antes da primeira estância


entrar na estância escrita
onde aqui me descrevo


com mãos sobre as teclas


II
as tuas mãos envolvem-me
quando te leio sentindo
todos os sentidos!...


escrevo o prazer de beber
com água na boca


o sabor onde tu ressumas


III
dás a essência da poesia
onde sonho as mãos
às quais estendo


as minhas com que digo
os sentidos todos:


em cada verso onde te beijo
Mim


Vale a pena escrever para ter e dar, receber e retribuir, podendo tentar reter do ter a leitura e do dar esperar resposta.

Quinta-feira, 7 de Outubro de 2010
7

Hoje a minha ideia era escrever uma ideia... corporizarei já de seguida com "Palavra da Sorte", uma iniciativa de Dicionário inFormal.
Hoje saiu [um beijo] quenco, de seguida um poema que escrevi:

SOS

Amor, dá-me a beleza
para fazer o poema,
deixa-me entrar
dentro de ti


Nunca esqueças,
a luxúria não é luxo
ela é nossa,
necessidade pura.!.


A beleza, meu amor,
é fazer contigo
o que sós
nus nos fica em SOS


(Só Onanista Sou,
sonha_dor...)


Agradecer comentários recebidos, destaco:
... mãos de poetas + CÉU IMPOSSÍVEL

Sexta-feira, 8 de Outubro de 2010
8

E É ISTO

Nada fazer pareceria ser a resposta apropriada, própria em si mesma, não sairia de si, ficaria onde se encontra. A menos que... não (querer) fazer nada seja este enorme trabalho de cogitação! A ser assim, fico plenamente satisfeito e deixa de haver dualidade: é deixar de fazer o que estou a fazer e... nada fazer. O problema só preciste pela dificuldade em saber o que se está a fazer quando não apetece fazer nada e se pensa nisso, e é isto.

 

Sábado, 9 de Outubro de 2010
9

RAZÃO E CORAÇÃO

recebendo a água quente
o nosso corpo tem razão
nu no bem que se sente
ele aquece seu coração 

Domingo, 10 de Outubro de 2010
10

Os dias sucedem-se aos dias, a sua ordem só é cronológica, por vezes, em retrospectiva. Os lados do tempo? Só há tempo para a frente, o que ficou para trás? Ao nosso lado? O tempo é linear? A sensação de espacial_idade?...  Esta é a especialidade da História, dar espaço ao tempo narrando-o, contando-o, interpretando, lendo... Proseei, publico. A seguir, voltarei ao dia de ontem com "data valor", voltarei às 14:30h às Furnas, à "D. Beija" onde antes eram as "Águas Quentes"; como ainda serão, na memória dos mais antigos...


Segunda-feira, 11 de Outubro de 2010
11

Será que tenho alguma coisa para dizer aos outros, assim ditos "outros" duma forma genérica?
Sim: - Boa tarde!
Aqui a tarde não está má, abriu o Sol.
Se cada leitor se distrair com a escrita como a leitura aqui o terá trazido: amigo, está comigo.
Olha para dentro da minha cabeça e vê como ela pensa... vou actualizar o blog e tenho de ir trabalhar, seguindo o exemplo do estômago a fazer o quilo do almoço que vai passando ao intestino delgado onde começa o quimo. Estas coisas acontecem mesmo para quem só faz equivaler o Kilo ao Litro, está certo e muito bem.
Medindo apenas o tempo, este foi o que tive. Logo volto para deixar um poema, ou um conto? Depois conto, ou seja, dou a ler.  

Terça-feira, 12 de Outubro de 2010
12

Os dias intersectam-se, cruzam-se... A memória, a toda a hora, faz história; vou passar Mim & Assim, do dia de ontem:

OBSERVANDO

observo a calma da árvore
plantada no quintal
tentando tê-la

aqui onde escrevo
cada verso a_o vir-se

no belo de vê-lo e dizê-lo!
Assim

OBSERV...AND...O

telho a atenção de tê-lo
nu poema vindo
no vivê-lo

uma beleza do belo
descrito assim

com teu nome a trazê-lo
Mim

Quarta-feira, 13 de Outubro de 2010
13

Venho a tentar fazer história, deixar registo dos dias do mês. Escrevo para publicar amanhã, onde esta terça terá dado lugar à quarta e eu, procurando uma quinta potência, repito e multiplico = isto x isto x isto x isto x isto = até ficar visto!

AS COISAS QUE TE QUERO DIZER

Há as coisas que te quero dizer e o que digo, tentando nesse dito deixar "as coisas que te quero dizer". Ontem não tive tempo de te escrever, quase nunca tenho tempo de te escrever... Prefiro saibas que todos os dias penso em ti, sempre que pensas em mim e antes ou depois, cruzamo-nos nus duma presença material. Fieis à procura pró e pré existencial, conhecidos de uma outra vida, esta: onde a ficção se fixa na fixação duma memória transformadora, memória da imaginação.
Hoje é o meu dia da sorte, todos os dias, a qualquer hora, sempre que penso em ti. Para to provar amanhã volto ao que hoje te escrevo e lerás que "é sempre como da primeira vez" lendo o que vês e revestes com a emoção e sensibilidade capaz de te fazer escrever uma resposta. Espero não deixes para amanhã o que podes fazer hoje, amanhã haverá um novo parágrafo, escrevê-lo-ei a itálico, sublinhando?
O que escrevo de novo está permanentemente em jogo, é o jogo.

ÉS ESPERANÇA

a linha azul
do céu deixado
neste verso escrito

onde o olhar
poisa a esperança

esplêndido pássaro!
Assim

ESPERANÇA SOU

meu canto ateu
é dum teu espanto
o espelho nosso

de cada dia
a ver-se

verso em poema(s)
Mim

 

Quinta-feira, 14 de Outubro de 2010
14

A minha palavra escrita é escrita um SE ideal/ ideia com a sua palavra sublinhada se palavra como um sólido de revolução projectado no movimento sobre a sua geratriz! Exclamação na vertical dum ponto onde aponto o equilíbrio do ponto na recta de infinitos pontos infinita como uma fita apanhados os cabelos duma menina ondulando quando ela corre ao vento solta.
14.10.10 

Sexta-feira, 15 de Outubro de 2010
15

MOMENTO  INICIAL


Isto é uma história, só precisa de um pouco de atenção e capacidade de ler por parte de quem tentar seguir as palavras, de modo a poder perceber o que se se_gue... cegue :))) Feche os olhos e leia sem qualquer ideia.
Pertenço aos dois por cento da população capaz de resolver o PROBLEMA de Einstein, sobre o qual ele ditou a sentença que faz de mim um ser inteligente. Pelo menos no sentido etimológico, de alguém capaz de resolver problemas. Num sentido mais específico do termo nunca saberemos, pois um ser inteligente pode ser alguém que cheira a mijo de cão e só outro como ele o poderia reconhecer, esse tipo de psicologia mergulha numa probabilística duma probabilidade tão improvável como posso provar a natureza do apetite perante uma pessoa saciada. Afinal a atenção é uma realidade partilhada até pelos estúpidos, algo que faz de qualquer ser vivo um ser inteligente quando se trata de dar resposta positiva à sobrevivência sobrevivendo a esta introdução.
Agora tenho de equacionar se consigo continuar a escrever ou se, pelo contrário, vou já dormir. Este "pelo contrário" é o capítulo da história onde "pelo direito" viro do avesso o momento, enquanto o resolvo. Falta-me apenas escrever um poema, depois deito-me, tento ler e o mais certo é apagar a luz e adormecer de imediato. Fica então a questão de conseguir dar continuidade a

INFINITO LIMITE DA RAZÃO

já não me consigo lembrar
do poema que germinava quando
deixei do pensar para ocorrer
a uma necessidade fisiológica
capaz de determinar o curso
do momento que antecedeu este


dito isto deste modo descritivo
de fazer a escrita escrever-se
espero seja visível o improvável
provando-se a sua natureza
através duma metafísica pura
onde o empirismo se afirma este

primado da razão súbita e nunca
súbdita seja do que for e porque
quer que seja mais do que este


afirmar da forma de forma a formar
a dialéctica duma poesia precisa
sobretudo pela ausência deste...

Quem quiser saber como isto começou, só tem de acabar e recomeçar, do começo.
Amanhã publico o dia de ontem pois, como será Sábado, terei tempo para passar o que ainda não passei.


Farei o que vou fazer agora, atribuir uma "data valor".

Sábado, 16 de Outubro de 2010
16

A minha palavra escrita é escrita um SE ideal/ ideia com a sua palavra sublinhada  ̶  se  ̶  palavra como um sólido de revolução projectado no movimento sobre a sua geratriz! Exclamação na vertical dum ponto: onde aponto o equilíbrio do ponto na recta de infinitos pontos... infinita como uma fita apanhados os cabelos duma menina  ̶  ondulando quando ela corre ao vento  ̶  solta.

Publiquei o dia 14 passando um texto manuscrito como ele foi escrito, o Assim nunca assina a prosa. Publiquei sem introduzir uma virgula, reli pontuando, republico. A riqueza da escrita está toda na leitura, vou agora passar o que o Assim e a Mim escreveram. Parece terem adivinhado que ia passar um texto donde se solta...
Deixo Assim&Mim, sem mais comentários, de hoje.


S & V

a sensação que se liberta

para navegar solta
assim de volta


entre um olta e uma olta
do s ao v


saindo cada verso vindo!
Assim


V & S

volta sempre bem solta

a emoção que toca
tua em nós...


onde a tua voz
me chega


rasgando veia a nova ideia
Mim

Eu passaria «entre um olta e uma olta», mas o que se passa é o que está escrito; assim fica, como Assim deiXou. Salto ao eixo, brinco, mas «entre um olta e uma olta/ do s ao v» é uma solta volta... 

Domingo, 17 de Outubro de 2010
17
 

MARCA(S)

Ler marca sempre presença, é uma marca da escrita. Dar à Rede (Net) acção (Redacção) de hoje o nome do que marca presença neste Diário, desde este mês, leva-me a valorizar os comentários recebidos:
É sempre um prazer poder desfrutar dos seus textos e poemas, ficamos querendo mais, a continuidade do ontem, seguindo o hoje e o amanhã,
Efigenia
(2)
Mirze Souza disse...

Francisco!
"És esperança e Esperança sou"!
Dois poemas que complementam o anteriormente dito. Acredito nesta união imaginária de memórias que se unem.
Muito BOM!
Abraços
Mirze
(3)
Excelente poema, amigo querido.
Fosse diferente, não teria o teu cunho.
Bjito amigo
Lindo poema. Adorei. Beijo. Ibernise
(5)
tecas disse...
Bom? Não chega. Muito bom? É insuficiente. Excelente? Mais do que isso...subime. Expressão máxima de expressar por palavras em dois magnificos poemas: < Retiro a mão > < Sonho a mão> do Assim e da Mim.
Como comentar um génio da escrita?
Bjito amigo
Tecas
(6)
Mirze Souza disse...
Que beleza, Francisco!
Não sabia que escrevia tão bem! Lindo demais. Agora vou ter vergonha das bobagens que escrevo!
Parabéns, poeta!
Beijos
Mirze


O que espero desta Red_acção... leitores(/as) sigam as hiperligações, leiam as respostas que dei, sigam quem fez os comentários, tornem o mundo maior, permitindo uma proximidade que de forma inversa aumenta, mostrando que con_versar... aproxima as pessoas.
Curioso o que nos chega de quem, por vezes, não conhecemos. Vamos ver o que nos reservam os "anúncios" da Google Adsense, depois de subscrever apareceu o primeiro no dia de ontem:
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Amanhã é Segunda, já é hoje - no agora das horas - chegando a novo dia. 
Ainda não foi hoje que descobri em que fuso horário está a funcionar este blog!?


Segunda-feira, 18 de Outubro de 2010
18
 

ACTO INICIÁTICO

Houve finalmente quem me perguntasse pelo PROBLEMA - do Einstein! Fiquei tão emocionado que quis es_tender... até amanhã a possibilidade de escrever sobre esse tema que nos irá levar à problemática de três dias antes, no dia 15. Antes de mais terei de apresentar o "Problema de Einstein", o que obriga a passá-lo.
Escrever tem esta dificuldade, em si mesmo, é um acto iniciático: põem-nos à prova, é uma passagem!
Amanhã publico isto, com "data valor" de hoje. Hoje, agradeço sigam esta ligação a "O ERRO", ainda continuação à problemática dos comentários. Seguindo a ligação, temos mais Assim & Mim.

VIR SOLTO

a palavra que passa
de boca em boca
procuramo-la

na mola do coração
a vibrar diapasão

a vir nu verso solto
Assim

VOLTO SIR

meu riso é como água
tem a forma solta
pela sua taça

o que quer que eu sou
nos devemos nus

onde quer que caia Sir :)
Mim


Terça-feira, 19 de Outubro de 2010
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ROSA & MENINO JESUS

Eu adivinho as palavras que vou pensar a seguir, sem que isso me transforme em adivinho, procuro ser sábio! Lábia não me falta nestas ocasiões, tento convencer o leitor da enorme vantagem que pode tirar do seu contacto com uma prosa onde a Rosa é o menino Jesus nas palhinhas dum presépio onde pode ser Natal todos os dias. Vou então pensar "Problema Einstein", sabendo que não há nada para pensar nas palavras. Apenas, e como isto é importante!, a partir delas.
PENSAR*
(...)
Enquanto fico a pensar como responder à questão deixada pelo intitulado "Problema de Einstein", ainda não é agora que dou trabalho a quem quiser trabalhar os dados da questão, de modo a saber responder à pergunta de forma compreensível no seu como, porquê, e, porque não?, quando. Eu estou a trabalhar o quando, enquanto como o como e penso expor o porquê, porque é ele o responsável pela resposta ser pensável da mesma maneira por quem perceber a maneira que usei para pensar a resposta que irei dar. Sendo esse o desafio a deixar, eixo da atenção à atenção de quem se aplicar a procurar uma resposta responsável. Disse, para já. O menino Jesus tem um riso de barro, à espera dum sopro divino? A Rosa, inspiro-a e inspiro-me!
Nota: * no mês de Novembro, será ainda Outubro todos os dias! Tenho esta fisgada há muito tempo, será já a partir do Dia 1. Juntarei à data a palavra, formando um todo, todos os dias: dia 1 e seguintes até dia 31, este último será pura reencarnação, 31 de Outubro em Novembro.

A história neste blog é (o que o) dita, de modo que a palavra - deve ser imaginada - dita quando escrita. Acabo de me aperceber de ter três "seguidores", merecem a minha atenção, ver no rodapé das páginas, dá para seguir os blogs.
Ainda ando a tentar incorporara a presença dos anúncios! Eles mudam durante o dia, desaparecem dos dias anteriores, abrindo apenas em páginas visualizadas. Não são uma grande maçada, valha-nos isso.

Quarta-feira, 20 de Outubro de 2010
20


FLOR ABRUPTA

poema é a flor abrupta
brotando na terra
das palavras

plantada na planta
é um mapa

do interior dos versos
Assim

ABRUPTA FLOR


a poesia nasce sempre
florindo os versos
que me fazes

a rir ou chorar
vivendo

cada emoção da alma
Mim

Continuem a viagem... onde antes li:
POEMA E POESIA: TENTATIVA DE DISTINÇÃO
Continuei nas hiperligações!

FORMA EXACTA
 
Escrever é, de forma exacta, um desafio. Ora, a forma exacta, é algo que só pré existe à escrita se escrevemos algo que pensámos por palavras, decorando palavras, só então passando as precisas palavras à escrita. Mesmo assim, será que sabendo o que quero dizer, as palavras que quero usar, o modo como elas se escrevem, acabo escrevendo de "forma exacta"? Indo à origem, ao étimo da palavra forma e da palavra exacta, poderia concluir...
As dúvidas permitem-nos fazer perguntas, as certezas afirmações, qual destas situações quero presente em quem sente a presença do que sinto quando escrevo, eu gostaria de saber mas nem pergunto: deixo que o leitor se torne adivinho deste seu vizinho, também ele (eu) a ler o que não memorizou, nem escolheu previamente como dizer, disse.

Quinta-feira, 21 de Outubro de 2010

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NO SÓTÃO/ NU DIZER
escrevo porque... se não escrevesse, o que poderia dizer do que faço neste momento antecedente da escrita (?) onde a_penas... penso, imagino, crio "macaquinhos no sótão" desejosos de conhecer a vida e ler os pensamentos que se procuram/encontram nu dizer

ALIMENTO

escrevo porque
a palavra se suspende
e pende como fruto maduro

onde levo a minha fome
atrás do apetite

perseguindo es_se alimento
Assim

ALI TENTO

esse lugar indecifrável
onde a escrita se destila
como um néctar a inspirar

a presença do poema
em dedicação à poesia

onde me persig(n)o d'alma
Mim

INSPIRADOS VERSOS

dar à língua é tentação
de canção que quero surda
e muda como uma porta

aberta ou a flutuar
nas ondas

como se inspirados versos
R

CIVILIZAÇÃO

o mundo nasce mais cedo
para não acabar logo
nem se esgotar

no esgoto dos dias
onde corremos

esta "civilização" humana
FC
Porque escrevo acho que consigo perceber melhor toda a gente, mesmo se esta afirmação a faço apenas... porque escrevo. Todos os personagens do mundo, todas as pessoas que conheço, cada um dos que me lê, espero possam muitos e muitas ainda não ter nascido, são testemunhas esfíngicas deste enigma. Resolve-lo, é o motivo porque escrevo.

3 comentários:

  1. Ola, Francisco amigo. Como sempre a tua escrita é única. Não abri os outros 2 blogs porque não entendi bem. Vais lá publicar? As fotos são magnificas. Aguardo os teus textos, poeta.

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  2. Tequinhas,
    Muito bom ler-te aqui. Os outros dois blogs são páginas neste mesmo blog, se não estou em erro... Páginas que tento articular entre si, de que modo?
    1 - a Página Inicial tem o tempo todo: o antes e o depois;
    2 - o mês, 10 - Outubro, onde produzo uma junção entre o antes e o depois;
    3 - o mês seguinte, 11 - Novembro, onde tento cerzir o antes e o depois.
    Penso que a história é mesmo esta: o antes e o depois, dum mesmo acontecimento que nunca fico concluído em si mesmo: a escrita.
    beijos, minha amiga.

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  3. Maravilhoso, Francisco!

    Essa deve ser a verdadeira "arte de Morrer" que Pe Antonio Vieira descreve.

    Afinal temor o inevitável?

    Como sempre encontro aqui aluas de vida!


    Beijos, poeta!

    Mirze

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Os comentários que receber serão pessoais, para receber resposta pessoal. Só divulgarei se contiverem esse pedido, justificando o seu motivo. O meu motivo é este, transformar a comunicação numa intenção íntima e (bem) pessoal.