quarta-feira, 30 de maio de 2012

VEADO!


Estava eu à janela quando um cara parou e me começou a paquerar, eu que era inocente perguntei se ele queria entrar. Foi assim que minha filha ganhou um pai e eu, chifre atrás de chifre, até ele desaparecer.

Zínia

terça-feira, 29 de maio de 2012

PENSAR HIGIÉNICO


As histórias que se prolongam tendem a ser chatas, tenho de pensar ser aqui o princípio, ainda ter de desenvolver o meio, para dar um remate no fim. Concluindo, contar uma história com distinção entre princípio, meio e fim. Uma ofensa para quem é propensa a usar, em vez de "penso higiénico", cone vaginal de grande calibre? Não serve?? Dêem-me uma história que seja só minha!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

FIM-DO-DIA


Um pôr-de-sol magnífico, arrepiante: ar_re_pi_ante… ante esta possibilidade, de captar e guardar o fim-do-dia, ficaria bem a modéstia. Quem não a sentisse como uma moléstia, alguém não – tão afirmativa – como eu! 
Peço a um desconhecido que me tire uma foto, vai servir a câmara do meu telemóvel. Imagens destes dias de férias: fêmea fatal – provocando o destino!
Só um casal de velhotes simpáticos, acho que hoje passo bem sem foto. Na verdade, a minha filha que não me suporta, vai aproveitar as que já tenho para… Bom, aproveitando, deixa-me calar! FIM


Zaida

domingo, 27 de maio de 2012

À HORA DO CHÁ


Rodando a sombrinha sentia-me a maior, uma turista inspirada! Andava a ver o meu reflexo nas montras, feliz e contente, inconsequente. Sem pressa, sem fazer compras, completa, sem vícios, toda eu uma adoradora da pose, imaginando a falta que me faz um papparazi capaz de reparar na mulher insuperável, desconhecida, bela e frívola? Como chaleira, que começou a ferver! Felizmente o conto está pronto, vou esperar mais uns minutos e servir-me.

Ynsula

sábado, 26 de maio de 2012

OUTRA MARGARITA


Sob o sombreiro os seus olhos acariciam-me as coxas, entreabro-as. O ar quente ganha lugar, enche a saia, conecta com a fala. Inspiro, semicerro os olhos até se fecharem. Sito… imaginar o sítio, um som fino no fim dum suspiro. Quase me toco, estendo minha mão para a caneta. Parece que o corpo cai pela cadeira abaixo, escrevo de forma estranha. Estendendo o pescoço para olhar, para cima da mesa, ver o que está escrito. Quero outra Margarita! Grito em silêncio, sem barulho, beleza de bebedeira!

Xarif

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O

O, de odalisca, ocidental, livre, ideal, idealizada, em trajes do oriente, médio ou longínquo. Chocalham moedas quando agita as ancas, ela vela-se de sedas antigas, com motivos exóticos finamente bordados. Toca um instrumento de cordas, com embutidos de madrepérola. Olhá-la é de suster a respiração, enquanto o coração parece um corcel a correr à rédea solta. Pretos, brilhantes, fosforescentes, seus olhos brilham meu nome.

Ónix

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O BEIJO


Leitora que sou, sinto vontade que ele se encontre com ela. O narrador assinalou as características dos personagens, está escrito… irem encontrar-se! Estou frustrada por tantas páginas com descrições marginais, sem o enlace dos corpos se dar. Vou escrever a sua boca vermelha, lábios carnudos, inchados, intumescidos de excitação, erotizados num lamber de língua. Ele vê-a, acabada de entrar na Estação. Breve corrida, segura-a, ela convida ao beijo com os olhos. Beijam-se com paixão!

terça-feira, 15 de maio de 2012

QUADRINHO


Milu, um cãozinho muito inteligente, personagem de banda desenhada. A coincidência com o meu nome, os meus olhos vivos, o olfato apurado que tenho, a franjinha na testa. Dei por mim a olhar para o espelho, a deitar a língua de fora, pôr as duas mãos caídas para baixo, especada a olhar para o espelho, a imitar… a Milu. Finalmente recompus-me. Registo ter rido, será que vou…? Deixo este quadrinho, um episódio bem tolo!

Milu

segunda-feira, 14 de maio de 2012

MIL POEMAS

De mil poemas, possas escolher cem, fazer um livro. Caso não casem entre si, um pedido. Escolhe o que gostarias mais, escreve-o pelo teu punho, guarda-o. Não lhe dês autor, fá-lo teu, completamente. Desse modo serás minha, serei teu; disse ele. Assim seja… este conto, teu e meu, amor.
Linda

domingo, 13 de maio de 2012

A BOCAGE


Já Júlia não sou, a Bocage envio a alma e abandono o invólucro sem dono, sem sono, apago a luz e caio na cama, como um raio! Fico sonhando com um poema erótico onde, bailando no cimo dum mastro, a bailarina exótica, desenha uma curiosa coreografia em espiral, caindo de pé a fazer uma roda, para acabar numa vénia, com a cabeça colada aos joelhos, as mãos segurando as pernas, os cabelos agarrados num rabo-de-cavalo, varrendo o chão. Para se erguerem, numa curva graciosa, ao céu.

Júlia
(graciosa e curiosa)

sábado, 12 de maio de 2012

O DONO


Nada mais sincero do que uma lágrima estúpida, caindo sem autorização dos olhos do "dono". Perco o sono com esta imagem, pensando captar nela a essência da arte. A emoção do outro, tirando lágrimas duma emoção que, sendo nossa, nos escapa. E, sem saber bem o porquê, o quando, o onde, acordamos no instante e nem o queremos ou desejamos, sentimos interesse... O dono é como um forte tomado de surpresa, uma presa!

Irene

sexta-feira, 11 de maio de 2012

CHUVA DE LÁGRIMAS


Já agora vou passar contos que ontem escrevi no exterior dum envelope, duma carta que nem li. Abrindo, ficarei a saber: de quem, para quê? Sei ser algo incomum, feito para contar mais um conto, para quem lê! Fico a ver subir o foguete da exclamação até rebentar, numa chuva de lágrimas…

Hélia

quinta-feira, 10 de maio de 2012

CONTO BREVE


Acordo no fim da noite, principia o dia. Nesta definição nítida, entre o dormir e o acordar. Acordo para uma pequena história, contada da mão para o papel. Ainda chamar penso, chamo-lhe conto breve. Vou fazer o que pensei, o conto acaba, fe(i)to… Falta o nome, mas já está pensado, pronto a ser… passado.

Gabi

quarta-feira, 9 de maio de 2012

QUEIJO


Tornei-me fotógrafa de retratos de rostos por causa de uma ideia, da qual tento fazer breve história. Um texto onde possa contar como as palavras desenham a boca, e, junto com ela, podem espraiar-se a todo o rosto e mesmo ao resto do corpo. Passei a vida a tentar captar emoções, sensações, expressões… para as quais contribuía pedindo palavras que fizessem sorrir, como "cheese" (queijo).

terça-feira, 8 de maio de 2012

NECESSIDADE


A criança embala a mãe que a embala, a mãe acorda, a criança está a dormir. Feito o quadro, deito o bebé no berço pronta a registar este momento. Sinto necessidade física de ir dar um beijo à minha filha adormecida, como se o tecido da sua pele ao tocar os meus lábios desse à vida algo de que ela padece e só sei exprimir com necessidade.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

(A)TINGIDA


Meu nome é Diolinda, não sou de Olinda, mas tenho pena! A solução é ler histórias que me façam viajar; nesta, enterro algumas palavras. Faço-o com o sentido de sagrado que sei, posso, consigo. Consigo? Imagina-se a ver-me como uma criança, enterrando meu canário de estimação? Ah…, por um momento, tem de sentir uma lágrima correr. Precisamente quando, o mais belo gorjeio saído do peito extinto, tinge a minha memória.

Diolinda

domingo, 6 de maio de 2012

RUGAS NA ALMA


Enquanto olhos nos olhos, eu olho-te nos olhos. Os nossos olhos não se olham, nós sim, olhamo-nos. Tenho agora tempo de imaginar os meus olhos a olharem-te, tirei-os, são de vidro.
Quando nos olhávamos, ainda eles eram eu e eu devia aceitar serem eles a olharem-te. A nossa intolerância em relação às coisas faz-me rugas na alma, coisa de palavras.

Celestina

sábado, 5 de maio de 2012

BETINA


Beleza por parte do pai, Tina por parte da mãe; fala dela na terceira pessoa: - Ela tinha pais criativos, os mesmos que ainda tem, capazes de juntar a parte inicial do Pai, no último nome, com o primeiro da Mãe.

Betina

sexta-feira, 4 de maio de 2012

ALBERTINA


Albertina era a minha bisavó, não conheci. Albertina foi minha avó, morreu mais velha que a data de meu nascimento uns precisos dez anos. Aconteceu há dois anos atrás, deixando-me com dez anos a viver sozinha com sua filha, Albertina também. Para não variar, também sou Albertina. Uma concertina de Albertinas: abrindo o instrumento, sai música. Faltava, não vai poder faltar, a concertina de meu pai, Albertino. Morreu em data próxima de eu ir para a escola primária, não entra na minha história essa data. Ou entra, para sair o conto, como fica.
Espero que a história da minha família, assim contada, dê uma redação engraçada. Não gosto muito de coincidências, mas que se há-de fazer, aconteceu tudo, como é e como foi.

Albertina

quinta-feira, 3 de maio de 2012

VERBO DE ENCHER

«Amanhã talvez pegue nesta frase, aquela que agora serve de "verbo de encher", depois da última publicação.»

quarta-feira, 2 de maio de 2012

FAZENDO CONTAS

Contando as letras, os contos, fazendo contas... acabo de verificar ter acabado ontem a série masculina, Acabou com o Zero, nome dos aviões japoneses na última Grande Guerra. 

terça-feira, 1 de maio de 2012

RISCO

Herdei nome de avião assassino, meu pai acordava de noite tendo pesadelos e aos gritos. Isso não impediu minha mãe de engravidar, soube por ela que engravidar era um “risco” associado à terapia por ela levada a cabo: fazer(em) amor. Desse modo, a meio duma noite de pesadelo, fui concebido.

Zero