sábado, 30 de abril de 2011

poema

um poema que se constrói (peça/ a peça)

um poema que se constrói no teatro
das personagens que vivenciamos actores
para sermos a pessoa e os outros também presentes
falando dum nós onde nos atamos atendendo
ao que nos toca como toca, como fuga, como alimento,
como… onde as palavras se avolumam crescendo
na procura de falar do que fere e aleija ou distorce
mas também o contrário, tudo correndo
como um rio de margens por nós desenhadas
onde os versos correm a água procurando o mar

quando um verso ilumina uma conclusão
a conclusão é o poema ter vindo e chegado
e, tristes, alegres, satisfeitos, preenchidos, ou
o contrário de tudo isso, sabemos que o poema
é um osso que nos alimenta e guardamos
para nele voltar a uma insana vontade de roer
mesmo sem fome, às vezes com fúria, ou
outras tão diferentes dessa e tão outras
como qualquer outra emoção sempre necessária
para sentirmos que a poesia é verdadeira

(recebe-a, como um pensionista, com necessidade)
http://poemadia.blogspot.com/2011/04/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html

sexta-feira, 29 de abril de 2011

TERCEIRO ELEMENTO

A minha visão da poesia e da sua linguagem é nela procurar e encontrar a emoção de ler e fruir um poema, isso presta-se a procurar duas coisas mais evidentes, a forma como é construído, o que nele terá sido dito, um terceiro elemento é a-pro-fun-dar procurando a intenção, isso torna tudo mais esotérico. Um terceiro elemento pode ser revertido, a intenção com que o poema é lido. Este “terceiro elemento”, torna a análise crítica um exercício com tanto de estéril como de delírio.

«um carrossel elástico e não linear», este verso ilustra a ideia guardada e a percepção vivida durante a leitura, a plasticidade verbal, a sua não linearidade; «o carrossel e toda a energia» outro verso que transporta uma imagem, aborda e borda, a importância da energia que se sente alimentar toda a composição; «todo aquele pó mago açucarado» alimento de magia e doçura, um cativar despertando, o lado material/sensorial; «um enorme átomo de liberdade» importância dum verso, coesão do poema, fecho aberto na abertura do final encontrado! Dando a satisfação no gozo/ do gosto: «amparo-me no pó-de-açúcar», a doçura: «sortudamente». Parabéns!

Voltei à página COMENTÁRIOS, onde pretendo juntar os comentários deste mês quase a findar.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

AGORA

quem sabe
não será
para

sempre
que vivo
este agora

?
A AMORA & AMOR

A AMORA

onde mora a amora
quando colhida
a olho

em minha mão
eu a miro

se admiro este fruto
Assim

AMOR

na tua mão
meu equilíbrio
surpresa nua sou

ficando presa
como a nota solta

a vibrar só de amor!
Mim

quarta-feira, 27 de abril de 2011

parágrafo

Hoje é dia de prosa. Abro a janela do Envio de mensagens, comecei a minha mensagem. Ocorre lembrar-me das mensagens que correm por conta de momentos de introspecção, meditação, chego à oração. Termino mais uma, a frase. Hoje, fico-me por [] parágrafo, estas frases: oração à p_rosa...


QUEM GOSTA & APOSTA BEM

QUEM GOSTA

sentindo uma presença
a pele, o pelo, o eriçar
quem gosta sentir?

capaz de arrepiar
todo o prazer

lado bom!
Assim

APOSTA BEM

é essa sensorialidade 
todo o meu arrepio
quando me toca

sentir aproximar
tua presença

dita minha sentença!
Mim

terça-feira, 26 de abril de 2011

PEDINDO & MEDINDO

PEDINDO

despeço-me do dia
pedindo à palavra
para dizer mais:

diz, peço ao dia, dê
o como me peço

para que continue
Assim

MEDINDO

as tuas palavras: «
pedindo à palavra
» medem/pedem

o como ao cúmulo
inusitado dizer

para não parar aí…
Mim

segunda-feira, 25 de abril de 2011

TRIGÉSIMO SÉTIMO

Existe um (de 1974), (em 1975), o 37º (Sempre!...) é hoje e deve ser celebrado, soltando um brado interior sem limites que não sejam a repercussão do mesmo em todas as vozes que se façam eco: — 25 de Abril, Sempre!
Ontem pensei o que poderia publicar hoje, chegámos ao hoje.
Depois de “ESPERANÇA” viria “A LIBERDADE”, aqui a deixo.
Viva - o 25 de Abril - Sempre!

A LIBERDADE

Sabes o que acontece quando, conversando com alguém, olhamos os seus gestos, o movimento dos lábios a mexer, o desenho das mãos, o movimento dos olhos na cintilação das pupilas, esse alguém: é a tal, sente ele. Essa personagem apaixonante que se desmultiplica durante o desenrolar do texto, ora é ela ou ela o vê e lê-se nele até um e outra serem um só, acontece neste momento. Não vale a pena prolongar o momento, é bom deixá-lo efémero, um despertar eterno, terno, no éter, indefeso, infantil e feliz. O momento deve ser como ele o quis e ela o fez, nesse dia houve, ainda há, para quem a recorda e vive: A LIBERDADE
Fazer Poesia?

MAIS-QUE-PERFEITO

haver um dia por ano dedicado à Liberdade
faz desse dia uma efeméride salutar
cuja importância não será demais saudar
em busca da única palavra feita de Verdade

palavra Poesia: sua verdadeira identidade!

Acabo de criar COME, uma nova página, visível no menu do blog. 

Comemoração passada Presente & Futura com a amizade de quem a mantêm no ar… atribuindo “inspiração pura” que muito agradeço!
http://www.lulicoutinho.com/francisco_coimbra/viva_o_25_de_abril_sempre/francisco_coimbra.htm

domingo, 24 de abril de 2011

ESPERANÇA

o dia de hoje anteceder o dia de amanhã
trás para hoje o futuro e o passado
dando da esperança o que ela
é no que se transforma
mostrando a vida
(e)
hoje basta esperar
pois amanhã é já a seguir
quando o dia der lugar à noite
trazendo a noite dentro de si tudo
no que consigo viajar para um novo dia

sábado, 23 de abril de 2011

LEITURA(S)

Oi Renata,
O terceto é bastante enigmático, mas fica enriquecido com o título “Prenúncio”. Um prenúncio não é um anúncio, todo o poema é o que se indica no título, um prenúncio… Um amor militante à palavra, um amor de mangas arregaçadas… a caminhar para um lugar de chegada, lugar de partida. Bem-vinda (onde a vinda se une ao Bem) nesta breve Poesia, sem fim: onde o tempo chega e não acaba. Beijos

Vera,
Da ideia dum diálogo entre espaços distintos do psiquismo resulta um equacionar do querer, onde a vontade oscila e a palavra dança, no avanço e recuo da afirmação. Firma-se a contradição, o processo mental num diálogo interessante de seguir onde, o que se destaca é o que as palavras dizem. Não é o domínio plástico da linguagem que se impõe, sem distracções, dispõe-se da razão a seguir e decidir das virtudes da enunciação:
«
A minha decisão está acima
Da minha natureza
E a minha consciência,
Além dos meus impulsos.
»
Ser ou não ser, eis a questão? É um poema para ler e pensar, dá razões à razão, mesmo sem passar pelo coração? Há alguma emoção, para quem entrar no diálogo.
«
Clamando em silêncio
Pela minha liberdade.
»
A liberdade dada pela opção de jogar o ser, n(um)a dúvida, ser_á!...
Parabéns.

Flávio:
Um poema interessante disposto em três estâncias, como pedras no leito do rio onde temos de deixar correr a voz do poeta nas suas pedras, letras dispostas no leito do rio. É ver como se aguenta a metáfora, essa á a leitura que nunca deve ser passiva sem se correr o risco da indiferença que anula toda a diferença e liquida a poesia. Poesia que se quer líquida, como a água no rio a correr…
Primeiro a solidão, tristeza, choro.
Segundo, a amargura transborda em frustração.
Finalmente a criação de sedimentos futuros de/pendentes da “meteorologia”, o que ficou das leituras que se façam.
«
invadindo as margens
levando na enxurrada
»
Parabéns.