terça-feira, 30 de outubro de 2012

O MORTO SOLITÁRIO


Tinha tudo para poder ter um nome, uma morada, alguém onde viver. Era, contudo, um solitário. Prescindira de tudo e, quando morreu, ninguém soube quem ele era. A bem dizer, nem sabiam onde estavam quando o encontraram. Iam a caminho do fim dum conto curto, curtiram? Não se sabe ao certo, o esqueleto esquisito era inquietante. Ainda para mais… estava quieto. Chamei-lhe, sem muita convicção "o morto solitário". Foi tudo.
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Acerca de mim
"Consta que as violetas e seus roxos requerem pouca água. É que a sua sede se faz de imaginários matizes e terrosos aromas. Nesse pêndulo, suas raízes." (De Marcantonio, do blog Diário Extrovertido, para o Roxo-violeta)
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domingo, 28 de outubro de 2012

DANÇA DO FOGO


16. DANÇA DO FOGO


A imortalidade só tem interesse com o pressuposto de sempre podermos reiniciar. É um filme que se repete, ininterruptamente. As palavras, nesta narrativa, procuram ser a legenda desse filme. Vai ficar mudo, para a mudança ser, a dança do fogo.
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declamadorpoesia
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sábado, 27 de outubro de 2012

O CORAÇÃO NAS MÃOS

Bom dia!
Porque hoje é Sábado, vamos lá… um pouco de tudo. Com o coração nas mãos, deixemos a emoção tomar conta das palavras. A escrita é um pouco isto, uma creche: o corpo a tomar conta das vísceras, as vísceras a fazerem funcionar o corpo.
Hoje tenho de corrigir uma turma de testes, tenho de ser eu. Virei falar desse assunto? Para ficarem a(com)panhados/as deixo um texto que já anexo, depois da Mina.

15. CULTIVO DAS LETRAS

À falta dum culto suficientemente exotérico para dar aos sonhos a promessa dum sono do outro mundo, cultivo as letras. Uso as maiúsculas depois dos pontos finais, aqueles onde continuo em frente e o primeiro.
Mina
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Acerca de mim
Taninha Nascimento - Professora - Graduada em Letras - Português/Literatura. Poetisa.
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O texto que está a incendiar Espanha

O seguinte texto foi publicado recentemente no El País, tendo-se tornado absolutamente viral em Espanha. Reflecte sobre o terrorismo financeiro e a captura económica. Chama as coisas pelos seus nomes e faz uma análise sobre o capitalismo actual que está a incendiar não só Espanha como todo o mundo. O título é "Um canhão pelo cú", e é escrito por Juan José Millas. 
Um canhão pelo cú
Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.
Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.
Juan José Millas
notícia dinheiro vivo

 Juan José Millás (Valência, 1946), cedo muda para Madrid onde passará a maior parte da sua vida. Frequentou o curso de Filosofia e Letras, que veio a abandonar, desiludido com as limitações franquistas, dedicando-se a uma carreira administrativa que lhe proporcionasse tempo para escrever. É autor de romances como A Desordem do teu NomeAssim Era a SolidãoDuas Mulheres em Praga e Laura e Júlio, entre outras, que o consagraram como um dos grandes escritores da actualidade. Desde as suas primeiras publicações, foi reconhecido pelo público e pela crítica, destacando-se os prémios Sésamo, Nadal e Primavera. A sua obra narrativa está traduzida em vinte e três línguas. É já na maturidade que Juan José Millás se dedica ao jornalismo. Cronista regular do diário El País, autor de reportagens e artigos em vários jornais, a sua prosa jornalística, várias vezes premiada, criou tantos apaixonados como a sua literatura. Numa escrita sempre psicanalítica e profunda, mas também viva na criação de ambientes, o autor criou uma obra ímpar, galardoada com o Prémio Planeta 2007 e o Prémio Nacional da Narrativa 2008.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O ENDEREÇO DA VERDADE


14. O ENDEREÇO DA VERDADE
O endereço da verdade, posso deixá-lo aqui. Na verdade, pensei usá-lo para preencher uma etiqueta pendurada na mala de viagem usada para férias. Tem de ser um conto curto, não maior que isto.
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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

ESPETÁCULO DE SOMBRAS


13. ESPETÁCULO DE SOMBRAS

A necessidade do prazer não se explica, é o próprio prazer. Ela tem por definição a rotação completa do tempo, volta á sua origem, é, original.
Conhecendo os pressupostos da história que desejo contar, semicerro os olhos, transformando-me numa felina. A voz sai-me quente, melodiosa, espanta-me. Parece-me fugir e deixar a sombra, isso que sobra do corpo projectado pela luz.
O espectáculo das sombras, dou esse nome ao que desejo dizer, meu escrever de forma singular.
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Acerca de mim
Fotógrafa, escritora, autodidata... Contato: elenlopes2003@yahoo.com.br

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ELO... 32)

12. ELO... 32)



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PERDER E ENCONTRAR

Por certo as palavras são importantes, mas eu as uso para me perder e encontrar. Resta saber onde estou quando escrevo: esta descoberta onde a pausa pousa, em cada vírgula, e tenta parar em cada ponto.
Mina

Teca,
Lendo o nome e os versos de Éluard, lembrei-me dum verso: «a mulher é o futuro do homem», de Aragon… por Paul Éluard citado? 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

ELO… IV


11. ELO… IV

Ele, com a maiúscula dada pelo músculo da reverência na referência, faz sentido a quem O sinta.
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José Sousa
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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ELE III


10. ELE III

O ele, é um elo. O que é que isto pode significar? A Santíssima Trindade é possível, a terceira pessoa completa o eu e o tu, o ele é um elo.
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Acerca de mim
Coordinador de Aula de Paz Director de la revista Camin de Mieres (Principado de Asturias)ESPAÑA.
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 HORAS ROTAS

Jose Ramon Santana Vazquez

Os meus blogues

Acerca de mim

SexoMasculino
IndústriaEducação
Ocupaçãoescritor. maestro
LocalAsturias, Espanha
IntroduçãoCoordinador de Aula de Paz Director de la revista Camin de Mieres (Principado de Asturias)ESPAÑA.
InteressesVivir siempre revivir...
Filmes FavoritosTodas las que me digan algo, del cine en general sobre todo del sentimiento humano,pasión e ilusión...
Música FavoritaLa que calma el cuerpo y enriquece el espiritu...
Livros FavoritosLos que se pueden volver a releer y oler sus páginas como nuevos amigos idos o venidos...

domingo, 21 de outubro de 2012

ELE II


9. ELE II

O o onde ele é representado, é-o de forma a figurar na terceira pessoa. O ele, é um elo.
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sábado, 20 de outubro de 2012

(O) ELE I


8. (O) ELE I

Movo o destino da esquerda para a direita, cheio de letras. Esvazio-o de regresso ao início da linha seguinte, retomando-o.
28)

Acerca de mim
Formado em Jornalismo e Direito. Poeta, crítico, contista e letrista de MPB. Dezenas de prêmios, nacionais e internacionais. Tem 9 livros de poesia editados. Tem poemas publicados na Argentina, Chile, Colômbia, Espanha, EUA, França, Itália, México, Portugal e Uruguai, e traduzidos para o francês, espanhol, italiano e russo. Em 2006, representou o Brasil no Segundo Festival Latino-americano de Poesia, na Cidade do México. Em 2009, participou do Festival Internacional de Poesia da Cidade de Bambamarca, Peru. Em 2010, é convidado para o Festival Internacional de Poesia de La Serena, no Chile. Em 2010, apresenta o livro bilíngue, “Del Aprendizaje del Aire”, na Cidade do México, a convite da Coordenação Nacional de Literatura do Instituto Nacional de Bellas Artes. Pertence ao PEN CLUBE do Brasil, à União Brasileira de Escritores (UBE/RJ), à Associação dos Poetas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (APPERJ). É Vice-Presidente da Casa do Poeta Peruano, com sede no Brasil, e é o atual Presidente do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro (SEERJ).
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