segunda-feira, 25 de outubro de 2010

25

Muito da nossa vida se passa numa preocupação de saber quem vai ser o primeiro, de quem vai ganhar, de quem chega ao final na frente. Com base nisso, preocupei-me ontem a escrever DUAS POSIÇÃO e A REVOLUÇÃO. Na ficção, seja da Poesia, seja da Prosa, não há definições prévias, embora aí se encontrem, por vezes, as definições mais impressionantes. Mas, a minha ficção é mesmo esta, escrever. Hoje, comecei por redigir (pensei em R; gostei do resultado): A PRIMEIRA.

A PRIMEIRA

Queria ser a primeira a chegar na Segunda-feira ao emprego, estavam todos avisados da presença durante o dia do Inspector Geral. Passou a noite a sonhar com a ocasião, coisas de mulher, pensou. Só conhecia o Inspector de fotografia, parecia-lhe imponente e gostaria de atrair para ela o seu olhar. Talvez pintar-se, pelo menos as colegas olhariam para ela, talvez o Inspector quisesse ver o que elas viam e também ficasse a olhar. Ela viu-se a fazer uma vénia, como se tivesse na cabeça um chapéu em forma de cone coberto de longo véu medieval.
Deve ter adormecido na altura do toque do despertador. Depois de muito debater consigo mesma, não se decidira a alterar a hora habitual de despertar. Por esse motivo, mantivera-a, sempre a mesma, durante toda a semana. Agora lembrava-se do despertador tocar, já não sabia quando nem porquê. Julgava tivesse sido um sonho, ela a ver se estava tudo em ordem para despertar.
Acordou estremunhada uma hora depois, no minuto em que deveria estar a chegar. Acordou muito tranquila, iria só de tarde! Decidiu. Justificar-se-ia perante o chefe, iria passar pela ginecologista que lhe passaria certificado de presença em consulta. Lavou-se, pintou-se: até achar que estava espampanante. Quando, à tarde, ia a entrar no edifício de escritórios, deu por si a rodar como tola na porta giratória da entrada. Entra um senhor apressado, chocam, dão uns passinhos juntos, saltam da porta para o vestíbulo: era o Inspector Geral. Só agora vinha, chegava de surpresa, queria ser pontual: na hora de entrada da tarde.

§

Uma história contada por imagens, contando história de fotos.

Havia um cálice partido, em torno da sua forma e presença, fazer uma composição. Coloquei um porta sobre dois cavaletes, em frente de janela rasgada até ao chão da sala que dá para o quintal, foi a primeira foto.
Em relação à primeira, aproximei o foco, ficaram os objectos mais próximos. Já dá para ver a dobradiça da porta, a qual está reposta na ombreira onde funciona.
Fotografei apenas o cálice, enquadrado na folha à esquerda (na imagem) da porta-janela.
Fotografei o saca-rolhas sem o cálice, fazendo o enquadramento em relação à folha à direita da porta-janela.
Voltei ao enquadramento inicial, pelo que vejo sem nenhuma preocupação... tirei mais uma foto.
À meia-dúzia, apresento a foto composição realizada: "CUIDADO".

Em relação à história do quê e porquê da foto-composição, essa seria uma outra história.


 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Os comentários que receber serão pessoais, para receber resposta pessoal. Só divulgarei se contiverem esse pedido, justificando o seu motivo. O meu motivo é este, transformar a comunicação numa intenção íntima e (bem) pessoal.