terça-feira, 5 de abril de 2011

A ESQUINA DA IDEIA

A ESQUINA DA IDEIA (ligação ao blog POEMA DIA)

Porque a palavra branca da ansiedade anseia
a minha ceia é uma ideia lisa como lâmina
a segurar o fio por fronteira para cortar
a alma como balão liberto ao espaço

Tudo isto num momento se engendra
base
bitola
busílis

Até que o fio passa a fronteira
calma
crise
crê

Dás por fado o enfado de viver sem porquê
ditas o que dizes às palavras e escreves
desenvolves a vida vendo o ouvido
e é no canto que encostas a esquina da ideia

OS TEXTOS E OS OUTROS

Companheiros, muito grato pelos comentários! Gratidão que pouco mostro, mas estive pensando... Tudo depende duma vontade, mas ela fica entregue ao desejo e quando este não persegue aquele é este entretém que nos entretém, não nos tendo verdadeiramente.
Bem que gostaria de acasalar desejo e vontade, e que procriassem!
Feitos os agradecimentos, engendrado este paliómetro (mede o paleio ao metro), é preciso levedar as palavras, deixá-las crescer para criar a "massa crítica".
Vamos ver o que dá, vou passar ao dia 1 de Abril!
Seria muito interessante lermo-nos e relermo-nos, procurando uns nos textos dos outros, na opinião uns dos outros: OS TEXTOS E OS OUTROS.
De algum modo isto obrigaria a ganhar hábitos e a gerar, gerir e ter, tempo e disponibilidade para sermos... outros. Eu, um comentador dos outros, alguém melhor, mais participativo, com mais tempo!...
Pois é, este é sempre o grande busílis. O tempo é a nossa vida, a nossa vida é o que fazemos com o tempo.
Temo ser a contragosto que me fique por breves saudações aos outros e aos seus textos. Que fazer? Vamos ver... Abraços transatlânticos para o Brasil e Portugal, da insularidade dos Açores.
A ilha, um lugar onde o tempo, permanentemente, tem ondas!
Fica o paleio e saio do Metro onde mergulhei viajando imaginar, o Metro, o paleio, a escrita onde viajei.
Dando o Metro como comboio, bóio... Fico à deriva agarrando a dita cuja, anel de borracha, onde me sento e fico sentindo as ondas, flutuando. Deixando a massa crítica crescer, levedar como o pão, fazendo um bolo. Um suculento: suco lento... para convidar os leitores a, pelo menos este mês, viajar nos dias, fazendo a "crítica literária" da presença mais interessada e dada à presença neste blog! Valeu? Topou!?
Seria muito bom ver mais companheiros entrar nesta demanda dum Graal que será procurar dar uma presença Geral nos textos de "todo o mundo"!
O Henrique ainda não deixo seu comentário, acho que ele é a pessoa certa para alimentar esse húmus da leitura onde é bom que a escrita possa mergulhar suas raízes.
Bom, também fica o convite de visita ao Diário de Letras II, deixo link onde meu poema de hoje tem título. Tenho de me despachar, o hoje está chegando a ontem: a vida a andar para trás... andando para a frente. Abraços!!

NOVA CONTAGEM

Pensemos a realidade do seguinte modo, olhamos através de óculos para ver o que imaginamos, depois queremos olhar para os óculos e lembrar o que vimos? Vemos o que vemos, vemos os óculos.
Imaginando os óculos serem o instrumento através do qual vimos a passagem para a paisagem, o que fica da paisagem olhando os óculos? Uma impressão na cana do nariz, essa seria uma possibilidade, não estando habitados aos óculos. Não se trata disso, os óculos são a metáfora para as palavras: o texto.
Viajar, olhar através das palavras. Onde regressamos depois da viajem, ficando com areia da praia colada ao corpo? O uso da metáfora parece ser, ou ter, neste último exemplo, um papel demasiado superficial, epidérmico. Algo apenas colado à pele, apenas esperando um banho para desaparecer?
O texto é mais areia suficiente para sacudir a memória e encontrar a praia de novo, sem as pegadas varridas pelas ondas. Imaginemos uma praia deserta, sem marcas? As marcas, os seus relevos. Entrar nessa praia, fazer novo texto, uma espécie de viagem inaugural.
Olhemos para a praia, sem a marcar. Se necessário sem a ver, sem óculos, às escuras, imaginando apenas. A escrita nas_ce… nas ideias, conquista-as, governa ou instala o caos SE/se imagina sem ser escrita. Turbilhão de água redemoinhando nu ralo, na vertigem dum vórtice, num instante muda o pensamento e muda o momento.
O que fica é esse/este equilíbrio precário, esse SE/se, a imaginação como memória. Magnifico quando um texto nos diz: Fui imaginado! Mais usual, corriqueiro e desinteressante, é quando a areia que cai só tem expressão sobre uma superfície branca, cada letra um grão…
Perante uma materialidade sem densidade espiritual, a emoção perde-se ou nem se chega a encontrar. Fica-nos sempre a possibilidade de olhar a areia, como uma interrogação. Prefiro olhá-la como tempo, areia guardada numa ampulheta, esperando ser virada do avesso e começar… 
NOVA CONTAGEM

4 comentários:

  1. Incontestavelmente, instigante!!!! A beleza que expressas nas palavras é maior que a própria!

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  2. Este sim! Tem beleza, tem arte!
    As tuas palavras são verdadeiras imagens.
    Adorei.
    Bjito amigo, da sempre amiga.

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  3. Kiro,
    Julguei já ter deixado um agradecimento, logo na altura, com a sensação fresca, quis dizer-te que sorri, deixando os dentes à vista, com o teu comentário! Muito grato, abraço!! Bjs

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  4. Tequinhas,
    Também para ti, meu agradecimento, muito mesmo! Bjs

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Os comentários que receber serão pessoais, para receber resposta pessoal. Só divulgarei se contiverem esse pedido, justificando o seu motivo. O meu motivo é este, transformar a comunicação numa intenção íntima e (bem) pessoal.