terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O MAR E OS JASMINS



O MAR E OS JASMINS

– PABLO NERUDA



DE TUA MÃO pequena em outra hora

saíram criaturas

debulhadas

no espanto da geografia.

Assim voltou Camões

para deixar um ramo de jasmins

que continuou florescendo.

A inteligência ardeu como uma vinha

de transparentes uvas

em sua raça.

Guerra Junqueiro entre as ondas

deixou tombar seu trovão

de liberdade bravia

que transportou o oceano em seu canto,

e outros multiplicaram

teu esplendor de roseiras e cachos

como de teu território estreito

brotassem grandes mãos

derramando sementes

para toda a terra.



No entanto

o tempo enterrou.



O pó clerical

acumulado em Coimbra

caiu em teu rosto

de laranja oceânica

e cobriu o esplendor de tua cintura.

Diário II
Leitura de blogista que sigo com proveito, do Blog Panorama para aqui trouxe Pablo Neruda no poema que dá nome à publicação.

RESPIRAÇÃO



RESPIRAÇÃO T(IDA)



penso que penso mas não penso

pensar, penso medi(t)ar em silêncio

tentando não ter ideias, concentro

na respiração como um yoga

pensando/mais uma vez/não pensar

para concentrar… na respiração



Diário I



Dia de visitar este blog.

Uso do jogo proposto pela escolha aleatória duma publicação antiga, deu capicua.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

RETOMO

Retomo uma leitura por fazer, vamos a ler...
Voltarei com RE_TOMO I
Agora pede-se uma imagem retomo ou remoto... vou escolher a imagem que gostar + entre:
retomo
que deu imagens de carros para retoma e
remota
onde escolhi a imagem, aqui:
http://www.intercultural.com.br/lugares-mais-remotos-do-planeta/2012/26

segunda-feira, 20 de julho de 2015

TREME A NASCER


A linha sequencial da costa
Interrompe-se na boca dum rio
Onde ele tem voz para falar
Com o mar que sobe
Nas marés altas trazendo
O aluvião para as suas margens
Onde elas se deixam invadir

A narrativa da ave que voo
Vê essa linha do alto e segue
Acompanhando a costa
Até ao promontório do cabo
Onde movida pelo instinto
Inflete para terra e procura
Um ninho onde tem ovos

Uma nova história começa
Quando nasce o filho da ave
Que se fará pássaro livre
De voar até ao seu infinito
Pessoal e intransmissível
Como se ele fosse uma peça
Genética da sua identidade

Um filósofo ocasional
Contemplando este caso
Resolveu ir até ao cabo
Olhar longamente o mar
E procurou ganhar asas
Atirando-se às vagas
Na rebentação nas rochas

Desaparecido este ser
Que nos contava a saga
Uma ideia afaga a ideia
De ser corpo e sua alma
Pronta a entregar-se
Inteiramente ao sonho
Ir acordar ao acordar

Tremendamente chato
Ter de adoecer ao chocar
Para ter a temperatura
Certamente a mais certa
(mas, sobre este facto,
nada sabe quem está
ainda para nascer)

Treme no interior do ovo
Tem de partir a casca
À bicada: ter-me a nascer!

16.07.2015

Nota:

Este é um poema intenso que me fez e faz pensar, escrito por ave que conhece o Homem? Escrevi-o há três dias, pode passar-se uma vida, eu posso mudar mas, o poema, será sempre diferente. Motivo suficiente para gostar dele, aqui o dou a ler na voz do rio… a fala(r) com o mar. //www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/index.php

segunda-feira, 13 de julho de 2015

partida


Jogar "de cabeça perdida" as palavras, escolhendo o título pela imagem, está tudo dito: jogar a “partida”. As regras, básicas, gramaticais. Apenas necessárias e suficientes, para um conto breve ou ainda mais breve, algo como… está! 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

0 GLOSANDO


Acabo o ano como acabei o anterior, recuperando o tempo - passado sob a égide de "Ano Bissexto" - glosado no "Ano Corrente". Inicio pela introdução - "Nós" - no primeiro segundo do ano seguinte.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

+ NADA

Descrever a sensação que procuro, dar-lhe nome, escrever sobre ela. Esta é talvez a maior virtude da arte, neste caso, da escrita, procurando transcender e ascender a uma sensação ainda inopinada, indescritível. Isto neste momento avançado, quando a descrição está a atingir o ápice. Uma imagem que, para cada um, em si mesmo, o consegue fazer/ser (ampliando) +

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A RESPOSTA

Quando comecei a resposta ainda não tinha formulado uma pergunta, havia só uma certeza, o que era mais que suficiente. Não ter certeza nenhuma, era essa a certeza. Quanto ao que já aí vinha chegou sem surpresa, fazendo-me presa dela. Ela, a surpresa, sempre pronta a surpreender, não surpreende: vem de surpresa, dá-nos a certeza, envolta em voltas de uma dúvida para obstetras (tretas).

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

NADA FICA

Quando uma folha cai, nada fica no lugar dela. Fica o lugar onde ela estava presa, pelo pé que se soltou. A inserção do pecíolo no ramo, se for este o caso, é observação possível. Sem ela, nada fica onde tenha tido lugar. A observação, anterior à ausência, só na ausência se faz sentir.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

VIAGEM NO TEMPO

A gentileza junta gente e beleza em proporções onde uma porção tem por quantidade a qualidade subtil, tempo a ganhar contornos fluidos, permitindo olhar as horas em diferentes quadrantes, não há mostrador de relógio capaz de dizer horas melhor: sentir o pulso escrito num impulso.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

PALAVRA A PALAVRA


Este "Ano Corrente" tem origem num livro que li, "Ano Bissexto" foi escrito por uma personagem que conheço. Se essa personagem existe e fui eu que a escrevi, é algo que desafia ser eu personagem duma pessoa que imaginei. Este tipo de questionar transforma, talvez seja outra a palavra adequada, aceita a literatura como campo fértil de psicanálise pessoal. Completamente entregue, não a um conhecimento do que seja a psicanálise, antes… à imaginação fértil do que possa ser. Pesquisei palavra a palavra...


domingo, 26 de janeiro de 2014

CULPADA

Enche-me de poesia, pode ser densa, espessa macia, apelando para toda a fantasia. Ser culpada me faz viver do tudo ao nada, pois tanto a exaltação quanto a carência me fazem sentir tua proximidade ou afastamento, os limites da nossa existência. Acrescento uma última palavra e não tenho como não repetir, culpada. Sem me desculpar, quero ser aplacada (o que será?...)!

sábado, 25 de janeiro de 2014

CIDADÃO E CIDADÃ

Entre o ão e ã, masculino e feminino, menino e menina, homem e mulher, somos a soma da sociedade do cidadão à cidadã da cidadã ao cidadão... Havendo aqui um gozo vocabular digno de dele nascermos, como se de uma vulva materna, vindo no seio da língua (imagem absoluta e total)!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

FAXINA

A ideia da imagem a percorrer o texto, tornando-se presença tutelar, lar à ideia: ponto assente... Deixando vogar ao sabor do vagar com que vai tomando forma, a sentir a inspiração, procurando do perfume a essência. Estilizada, quase – grafismo! 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

CHU-CHU DE ESTIMAÇÃO

Um coração vegetal, de plantas nascidas da terra, bate ao compasso do tempo de bater este conto. Onde um herói desconhecido, rói uma côdea seca e saborosa. Molhando no café a côdea do pão cozido em forno de lenha, não há engano, se não me engano, invento! Só falta ponto (o) final, à imagem de à um chu-chu.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

CONTINUO SEMPRE

O verbo e a acção dão: continuação. Surgem palavras, a imagem acompanha-as, qual botão de rosa. Uma Rosa mística, transformadora, sol_t_ando… perfume. A inspiração torna-se mais fácil, acompanha o devir, vem e há-de vir até ficar. Continuo sempre.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

OCUPAÇÃO

Procurar a imagem certa onde a palavra se revela acertada, como a seta a vibrar, acertando o alvo. Com esta vibração própria da acção, quando é certa e acerta(da): seta no alvo. A mosca, no seu centro, viva, insecto voador voa provocando a atenção: provocação! Cem imagens, a palavra voa. Uma, apenas uma, percorre a frase a caminhar, imaginada.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A SÚMULA DAS COISAS

Vou continuar escrevendo em antecipação, usando o sumo das palavras para as usufruir, fruindo do seu uso. Quanto às imagens tento passar pelas literárias duma forma muito lateral, mas literal, completa tangente ao ápice duma exclamação!
A imagem escolhida surgiu na pesquisa, é actual…

domingo, 19 de janeiro de 2014

LAMBER SABÃO

Enquanto converso com os meus botões, o Ano Corrente corre. O dia é domingo, depois de ler a história "Três anõezinhos ou lamber sabão", fico com "lamber sabão"; limpando a língua… na água do dia.

sábado, 18 de janeiro de 2014

ESQUINA

É muito bom vir, no dia de hoje, dizer:

– Hoje é aqui e agora! 

Num momento é como se tivéssemos vinte e quatro horas, mil quatrocentos e quarenta minutos, milhares de segundos, como se tudo se somasse, somam-se todas as sinergias – pura energia – numa esquina de todas as faces.