TRÍPTICO
I - ENTENDIMENTO ALHEIO
até promulgação do entendimento alheio
é esta matéria que trabalho para o poema
trazer consigo tudo o que consigo consigo
ao dar vida a sinapses cerebrais viajando
até mergulhar células nervosas reagindo*
o que faz dum poema ser um poema e não
outra coisa qualquer escrita em palavras
como os poemas são uma visão do mundo
captando na sua forma essência ao verso
numa mão cheia multifacetada de dados
cada estância é uma parte dum organismo
vivo onde a linguagem se move como é
sangue e vida em si mesmo feito cristal
da matéria mineral duma raiz quadrada
equacionada em função do espaço-tempo
onde a onda procura frequência modelada
ou as ondas curtas em curtição gerúndio
qual virtualidade verbal da língua na boca
falando ao falante ao ouvido em silêncio
que em si escuta a melodia ou arritmia
adequa cada palavra ao paradoxo fático
modelando a fala ao filme da imaginação
escrevendo o poeta isto que vai vendo
até filtrar a seiva bruta seiva elaborada
na folha onde escreve a mão que respira
a inspiração tem então novas fronteiras
móveis como o horizonte num acordo sito
neste sítio mágico do caleidoscópio vivo
dos sons a moverem-se na forma exposta
onde a poesia se dá em resposta: Poesia
* quando digo o meu poema está contigo
II - COERÊNCIA VIVIDA
amanhã... quando publicar o poema
de modo a ser dedicado a quem se detenha
a lê-lo, sem outra dedicatória, em Poesia
ele terá outra mensagem que procuro reter
fazendo manter rimas ritmos tão inerentes
à paródia desta prosódia que a deixe ficar
sendo o poema dedicado à amiga comadre
capaz de tratar poemas como mensagens
por ela descodificadas em opinião expressa
assim Limeira teu nome fique nesta beira
como corre dos telhados a água das chuvas
como corre dos telhados a água das chuvas
sendo a Maria João quem me deu a ler-te
e foi esta a sorte que antecedeu a Poesia
quando agora procurei dar vazão à poesia
procurando para ela vaso feito nu poema
onde plantei uma planta para dar flores
muitas e tantas quantas os quantas haja
numa teoria quântica ainda por relativizar
o que até pode acontecer quando já for
possível transformar a poesia em temática
das Matemáticas puras aplicadas à Arte
em parte só falta dizer que é sempre Amor
o que nos une aos outros visão em coesão
ou, tão simplesmente, na coerência vivida!
III - VISCERAL SENTIDO
a prosa poética é prosa fluida e mansa
feita a avançar na dança das palavras
sem se deter para poder ganhar versos
onde desenhe o objecto feito desejo
onda onde a matéria do mar dá o amor
ao mor prazer da linguagem ganhando
uma viagem à comissura duns lábios
imóveis enquanto não abrem beijando
o segredo da leitura que procura sentir
isto que nos aguarda onde guardamos
toda a natureza na essência dum dizer
buscando para muito além de si mesmo
onde ainda da onda que se forma nua
modelando a lua como satélite à terra
onde ainda e sempre cavamos fundo
a realidade com que lemos no mundo
não havendo talvez outra maneira boa
como esta de vender loas com coração
a servir de vísceras ao visceral sentido
de estarmos onde os outros nos lêem
Um aplauso sonoro pela excelência dos teus poemas, poeta Francisco.
ResponderEliminarGostei! Sublinho:«cada estância é uma parte dum organismo
vivo onde a linguagem se move como é
sangue e vida em si mesmo feito cristal
da matéria mineral duma raiz quadrada
equacionada em função do espaço-tempo»
Sem dúvida...
Bjito amigo
Olhando comentários...
ResponderEliminarVim descobrir este, agradecendo hoje.
Por conseguinte... no ano seguinte ;)
Beijito amigo à amiga :)