Chegar ao ponto de partida, imaginar partir para o ponto de
chegada. Equacionar a circunstância de forma detalhada, tendo como resultado
procurar o que este possa ser, antes de lhe dar tempo a que aconteça. As
possibilidades duma tal situação só podem agradar, elas vão-se agravando, na
exacta medida em que vamos gravando a possibilidade resultante. Dá a imaginar
um sistema vectorial, reproduzindo um campo de forças, de modo a obter o ter de forma ob: obtido, observável, óbvio. Se
viu quando, por fim, serviu. Sendo melhor dizer, aceitar, creditar,
acreditando: servi-o, óbvio, observável, (ob)tido! O ponto ontológico, no ponto
final do texto.
O
início coincide com o fim, quando o fim é o princípio. Saber quando isto não
acontece, é como ler a carta antes da escrever. Desdobrar a folha guardada no
envelope, para só então pensar o que nos traz ao ponto onde escrever é praia
das letras. Sentir a rebentação, ouvir o canto do mar, domar a ideia procurando
na praia linhas onde se desenha o movimento da maré com seu registo do
sucessivo recuo da espuma. O aluvião das frases vai de frase em frase, até
ficar o texto final, imutável, finito de infinito, imperturbavelmente imóvel
como móvel acabado com gavetas fechadas à espera de ser utilizado, só e apenas
por quem o queira utilizar, como (se) fosse uma peça de mobília.