RISO
Espelho, espelho meu, serei na imagem tua:
teu, meu, eu? As palavras nada valem, sem alguém que as leia, como palavras.
Palavras são coisas, sem ser. Ser é o acontecer da humanidade, na humanidade e,
em verdade, é a humanidade o que encontramos no ser de todas as coisas.
Olhas
para mim e sorris, espelho meu. Dá-te vontade de rir a minha confusão, rimos
então! Fica como quando atiramos uma pedra na água, só se vê o riso!...
SISO
Estava sisudo a olhar o espelho, quando
pensei “Poderá o espelho estar a rir-se, de me ver tão sério?” Mais sério
fiquei como saber?? Vou-me transformar em espelho do espelho!!!
Tentei,
sem me mover, eliminar a imagem do espelho. Enquanto recriava a imagem ovalada
da superfície lisa do vidro, com a folha de estanho por trás e a armação de
madeira doirada.
Esqueci tudo, imaginei a
primeira manhã do mundo em que alguma coisa, alguém, foi alguém! Muito
simplesmente, já era o espelho, só via… quem me olhava.
Patrocínio
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alegria ou seriedade, descontracção ou juízo, palhaço ou clérigo(?)… onde é que nos achamos e o que realmente nos representa? somos tantos, nos identificamos com tantas referências, mas no entanto, somos uma individualidade, uma primeira identidade que se juntou aos fragmentos que vamos absorvendo em nossa viagem como poeira cósmica…
ResponderEliminar•a escrita ajuda a nos definir como indivíduos e a Poesia como seres encantados…•
no “riso” você mostra dois lados de uma imagem com o teu post, uma a da alegria, que atravessa, tal qual alice, o espelho que a desafia. o caminho que fazes para a travessia é o da palavra, usa a escrita como senha para entrar espelho adentro… tão bonito, francisco…
as imagens que você escolheu para dizer da alegria, mais uma vez as metáforas muito bem escolhidas e distribuídas pelo texto como fossem marcas da pegada do gato de alice, sigamos então até ver o sorriso na água, que se forma com a pedra que jogamos (que imagem!) e bem pode ser esse o sorriso do gato de alice!
depois vem a exposição da seriedade no texto “siso”, a cobrança de uma imagem que seja “respeitosa” diante da sociedade da qual faz parte a nossa individualidade, mas o poeta, o escritor, o homem que decidiu ficar ao lado da sincera alegria da criação, traspassa a própria imagem e vai até a matéria do espelho, portal para mergulhar no princípio de tudo e ir ter com a criação na primeira manhã do mundo e ser a própria imagem da criação a medida que se transmutou em espelho e reflectiu a quem te mirava… talvez o próprio ser criativo te olhasse e ele fosse você a ser todos!
textos extremamente filosóficos, acreditas? és poeta mas tens meio corpo na filosofia e é um encanto a mais na obra que nos dá.
parabéns, mais uma vez, mas nunca o suficiente, pelo seu talento em constante ebulição, a vazar nas páginas do dia a dia nosso e… do tempo.
dizem que somos de quem nos mira em close… és nosso, francisco, nós te vemos bem e perto!
um beijo.*.
EM DOIS TEMPOS
EliminarComeçando pelo primeiro comentário deste dia, agradecido!
Um comentário muito mais construído, na sua génese, de análise e pensamento que o texto dos contos interligando-se "em dois tempos"...
Em dois tempos... é expressão do idioma para dizer duma coisa que se faz rapidamente, surge aqui de forma espontânea. Ontem fui, em pouco tempo, ver o segundo de dois filmes recentes, ambos versando, reformulando, glosando (de glosa), gozando... a base rica da história da Branca de Neve. Então, hoje ao acordar, veio O RISO e logo O SISO formando... um todo ;)
Por todo o teu comentário, por muito mais que ele que já mereceu ser comentado quando aqui chego, meu abraço a_braços!!
Da nova fase Poeta, é o conto que mais gostei. Ver o Poeta jogado ao espelho imaginário, rindo de si, prá si e fechando com essa manhã absurda de bela surgindo uma identidade.Simplesmente maravilhoso! Beijos no coração!
ResponderEliminarPOR ISSO...
EliminarA nova fase é ainda uma fase de Contos Curtos, a qual foi dividida em séries e agora continua com uma interacção cada vez maior com aqueles/aquelas que fazem deste blog uma escrita colectiva. Muito grato fico e sou, por isso...
BEIJOS DO CORAÇÃO!
Visionário,
ResponderEliminardeterminado,
vidente,
apaixonado,
narcísico,
messias dos novos tempos!
Está aqui o perfil psicológico em palavras do teu (de ti?) personagem do riso e do siso. Bela desfragmentação da ideia do ser único, multifacetado no jogo de espelhos.
Destaque para a beleza do comentário de La Marino e da viagem lúdica de Bbrian.
Lindíssimo conto, Francisco. De Mestre!
Abraço preguiçoso de Domingo e viva o nosso Portugaaaaalllll!
Caro Carlos Coelho,
EliminarCCC Com Conhecimento e Coração para ti e todos/as, muito grato por tudo, até por falares com La Marino, Bbrian, e já aí está Bípede Falante vinda de teu blog!
Beijos do coração!...
Ah, obrigado pelo Viva a Portugal!
Espelho de riso, se não animar a alma, pelo menos corrigirá as rugas rsrsrs
ResponderEliminarAdorei o post prosa poema :)
Beijoss
REZA
Eliminarcorrigir as rugas
com a alma infantil
de nossos sorrisos
nascidos como ovo
brilhante e puro
onde apuro a pureza
Assim
BF,
Com o auxilio poético do Assim cor_respondo
Beijoss
Nesse blogue tem de tudo! Sempre me surpreendo... até patrocínio... :))
ResponderEliminarBeijo carinhoso e boa semana.
Teca,
EliminarNeste texto teve teu patrocínio no vídeo, a juntar ao Patrocínio dos Contos Curtos.
Beijo carinhoso, boa semana!
Francisco, outro belo texto! Ressalvo" a primeira manhã do mundo ... em que alguém foi alguém...".Sumarento ou sumoso. Pético.Lindo! Lindos e frutuosos também os comentários aqui depostos, como sempre. Um beijinho de parabéns a todos!
ResponderEliminarJacira,
EliminarGrato por ver li(n)do!...
Beijinho.