sábado, 16 de junho de 2012

ALVO DO BRANCO


«O que eu chamo de paixão pela forma, se é que estou interpretando Whitehead corretamente, é a parte central do que ele chama de experiência de identidade», Rollo May (p.113) A Coragem de Criar

«Talvez, para contrabalançar tanta pressão de sermos garotos-propaganda de nós mesmos, aumentando nosso capital de convencimento na internet ou nas relações de trabalho, deveríamos trocar dicas e experiências sobre práticas de auto-esquecimento. Algo como: "Hummm... Que máximo... Foi como entrar num filme ou ser personagem de um livro», Marta Barcellos em Esquecendo de mim

ALVO DO BRANCO

Quando comecei a respirar soube que era um pássaro, trazia as asas às costas e gostava de voar, mesmo estando poisado. Ao descobrir pensamentos humanos, comecei a regurgitar pelo bico e passei a ser esferográfica. Desde esse momento voo, não quero outra coisa.
Quando encontrei o primeiro poiso, ao passar o bico nas flamulas do peito, descobri na emoção um segredo desconhecido, uma revelação ainda por revelar. Estava pronto para enfrentar o primeiro paradoxo, saber que ele se prolonga e projecta, até poder ser a sombra do último.
A identidade formou-se por acção da luz, o mais alvo do(s) branco(s): nem sombra de sombra, nada s_obrando!…

Otávio

6 comentários:

  1. Homem-pássaro ou Pássaro-homem projetado em seu próprio eu buscando as contradições.
    Tenho dúvidas quanto a identidade formar-se e nada sobrando.Acho que os paradoxos são sempre a sombra do último.Beijos no coração!

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  2. francisco,

    fico imensamente feliz ao ver a sua integração com o livro que propus! escolheu um trecho iluminado, além de casar com o teu “Alvo do Branco”, ajuda a “ilustrar” bem o momento que vivemos aqui no Diário: personagens, busca de identidade, criações colectivas… além servir como legenda para a busca pessoal que vivenciamos ao te acompanhar, a sua insistência em buscar o ato lírico perfeito: leitor e autor e sintonia, sobrevoando a cidade no tapete dos sonhos da história.
    depois vem o trecho da Marta Barcellos, segui o link e li tudo. destaco mesmo o trecho que você escolheu: «Foi como entrar num filme ou ser personagem de um livro» é exactamente o que você nos dá aqui, a chance de vivermos a história, de sermos personagens de um filme colectivo e criativo.
    por último e extremamente belo, o texto, a sua escrita! que metáfora perfeita a do pássaro e da esferográfica! vi cada detalhe da cena. achei muito criativo o seu argumento: continuar gostando de voar, mesmo poisado, isso sim é mesmo ser pássaro! o que somos de verdade não nos esquecemos de sê-lo nem por um segundo… teu pássaro trouxe-nos do voo palavras mastigas e as derramou, derrama, sobre o papel luminoso do ecrã e nós, teus filhotinhos, esperamos pelo alimento de tuas liras imaginadas.
    •uma identidade que se forma por acção da luz é a própria Luz.•
    quando todas as cores se unem e se movimentam em alta velocidade, nasce o branco! o mais alvo dos brancos é o branco absoluto! não há sombras para quem cria com a força do talento inconteste da união de todas as cores!

    parabéns pelo texto e por todas as belas metáforas aqui contidas. é um texto para guardar.

    um beijo.*.

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  3. Betina, a ideia de perfeição me assusta. Associo-a ao fim e rejeito possibilidades finais. Por isso prefiro o Poeta sempre pássaro, mesmo em pouso disposto a voar. Beijos no coração!

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  4. E foi mesmo uma surpresa agradavel que me tenha encontrado numa busca!!! hehehe

    Lindo post aki, Fran...

    beijos grandes...

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  5. Francisco,poderia começar dizendo que aqui és um pássaro. Homem-pássro. A primeira sensação que tive foi essa e imediatamente associada ao voo puro e limpo. Alvíssimo. E uma certeza. A de que te procuras nessa alvura desde tempos remotos. Ave,que substitui a inocência primordial pela esferográfica. Instrumento precioso para um pássaro invulgar e criativo.
    Esse voo aponta para uma constante busca de identidade/s.Um pássaro, buscando identidades. Um eu poético/narrativo, sempre em devir, do seu galho inesgotável.Ave de arribação. Em permanente flutuação num espaço etéreo e branco. Um espaço como que suspenso, volátil.
    A criação, o ato de criar, numa metáfora recheada de voos, de bicos e de asas.
    Voar, no sentido mais amplo que esse conceito possa encerrar.
    És artista! ... e Ave! beijinho

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