Sentei-me tranquilamente a ver a semi-final onde seria
apurado o primeiro finalista do Campeonato de Futebol da Europa, depois estive
a ver os pontapés, maioritariamente dados na bola do jogo. Isto até chegar aos penáltis,
depois do tempo regulamentar e do prolongamento. Nesta fase final do jogo, um
guarda-redes de cada equipe, revezando o outro, foram enfrentando jogadores de
campo, rematando à baliza a uma distância de 11m da marca das grandes
penalidades. Como não estava para ver um jogo ser decidido à sorte, pelo azar
de um dos contendores, resolvi ir procurar um rapa-tira-põe-e-deixa, um pião
próprio para jogos de sorte ou azar consoante quem recebe uma ou outra destas
designações: Rapa, Tira, Põe, Deixa. Quando ia para decidir por minha conta a quem achava ir caber a
sorte do jogo, acabei por receber uma mensagem. Claro, para bem da história, o
desfecho do jogo acabará neste texto. Dizendo apenas que, depois de ler a
mensagem, já não quis saber qual das equipas ia ganhar. Moral da história: as
mensagens são demasiado breves e incisivas quando nos transmitem, mesmo que de
forma indirecta, um resultado. Em boa verdade, o conhecimento indirecto da
realidade é quase como se nos contassem um sonho ou pesadelo como se ele nos fosse transmitido e dado, como a sorte num dado ou rapa.
Na verdade não resisto em transmitir, mesmo de forma indirecta, o resultado do
jogo. Vou escrever o título, como se fosse a minha vez de mandar… bola na
trave. Aplicando efeito na bola, deixo em suspense o leitor? Não, pense sus…
to: deste não me refaço, está feito, a bola na trave não entrou, está tudo
dito!
francisco,
ResponderEliminarlembrei da canção do grupo de rock brasileiro skank:
"Bola na trave não altera o placar
Bola na área sem ninguém pra cabecear"...
uma pena portugal não ter ido jogar com a alemanha a final da copa euro 2012. :(
yuri escreveu um conto pequeno na primeira vez em que apareceu e hoje, talvez triste pela não vitória portuguesa, colocou a boca no trombone!!!
ganhamos nós, com mais um bom texto dos teus autores independentes e muito especiais.
ah e aprendi o que é rapa-tira-põe-e-deixa! :)
um beijo.*.
Autores independentes :) Agradecido! Beijo
EliminarFica triste não Poeta, penalti é sorte e guerra de nervos. Parabéns a Portugal!
ResponderEliminarEsta guerra foi-se! :(
EliminarBeijos do coração!
Eu admiro muito as traves que se atravessam na trajectória da vaidade saloia e deixam que o óleo dos corpos depilados escorra pelos masculinos corpos abaixo!... Os postes nunca morrem, quando muito, oxidam sob a pele sujeita à violência das boladas estrondosas e morreriam de pé, se os tivessem. Sem coluna, são verticais de costas voltadas para a sorte e para a inseparável sua outra igual que, a 244 centímetros de si, a ignora... e a mesma sorte também. Sempre verticais, sempre escondendo os olhos impossíveis de adivinhar qual azarado para os quais apontam o olhar; uns acham que é uma sorte, outros dizem o mesmo mas com umas biqueiradas à mistura!... A trave não!... A trave tem um plano próprio sobre o terreno e sobre o plano plano que se apaga quando os maus tratos cobrem a redondinha com aquela sorte danada que ninguém aprecia. Sete metros e trinta e tal centímetros, acima dos postes, como se, de braços abertos, a trave os mantivesse no seu lugar, porque mais tarde ou mais cedo alguém se lembraria deles e, mais ainda do que das estrelas depiladas tratados por psicólogos de seringa na cartola!... As traves, são mestras em manter separados o azar e a sorte, assim como os tais postes sem coluna, mas que se afiguram verticais e com honra!... Gosto das traves e gosto dos postes, do lado de frente e dos lados de fora porque cada lado é a sorte de uns e o azar de outros e eu gosto do azar e gosto da sorte... de uns e de outros!... A trave ri-se comigo e parece ter mais lados do que o poste, o de cima o debaixo e o lado da perspetiva de cada depilado, de cada banco e de cada bola que lhe bate em cheio na divisão de opiniões!... Às vezes, quando sentem as câmaras e as luzes da ribalta depilarem-lhe a humildade, articulam o desabafo ensaiado em insones noites de treino intenso, num jogo entre a imagem e o espelho: - É uma injustiça. É uma imagem perfeita(mente) idiota de depilações a(BES)talhadas por jogos de bastidores, ou biombos analíticos escondidos atrás dos Homens e de outros assim, com eles no sítio e erectos como postes arcando com o peso da trave que longe de ser mestra, acaba por ver desmoronar o seu último pontapé sem gramática, esse que a falta de coragem não deixou que acontecesse; uma sorte. Há uma trave, dois postes e um monstro sobre uma linha branca que ameaça aspirar-lhe as aspirações... Azar!... É uma injustiça. Está-se bem atrás, aconchegadinho entre o medo de falhar e o coice decisivo da glória, da possibilidade impossível, do sonho que abriu os olhos tarde demais!...
ResponderEliminarGosto das traves e dos postes e de todos os seus lados. Gosto dos lados das coisas, do lado certo dos errados e vice-versa. Gosto de todos os lados do RAPA.
Abraço
Ah, A., grande comentário!
EliminarEste ainda li ontem, levou-me a comentar em D'Alma, estando à espera de ver subir nas actualizações para dar continuidade. Quanto à conclusão «Gosto de todos os lados do RAPA», é soberba! O que ela implica, a aceitação plena dum jogo que aceita bem as nuances da sorte: Rapa, tira tudo; Tira, tira apenas o que pôs; Põe, põe tudo; Deixa, não tira nada mas também não tem de pôr. Posto isto, abraço!
Rapaz, estou ainda tão chateado com o jogo que nem vou ficar neste post, vou passar ao próximo,..
ResponderEliminarBola na trave é frustrante. Mas no texto aqui é gol.
Eu crente que ia sair pulando no pescoço da Alemanha...
E nem mais a Alemanha está na final! Ora, que coisa mais sem sal.
Agora sou Itália desde o berço..rs
Bom texto, boa argumentação.
Mas abro mão do perfil do autor...
Abraço.
Oi cara, não fica chateado, te filia num clube da tua terra, apenas uma coisa sentimental! O meu clube é a Académica de Coimbra, depois sou de quem jogar melhor! A irracionalidade do futebol passa-me um pouco à margem, prefiro mergulhar na onda da disputa pela bola e pelo golo. A coreografia da equipe em campo, o voluntarismo da personalidade posta em jogo, distrair-me apenas com a movimentação e pairar sobre os arquétipos da guerra e psicologismos do género.
ResponderEliminarGrato pelo(s) comentário(s), aqui e na toca… O COELHO DE DÉBORAH! Vou então esgotar uma hipótese de publicação que já não fica como tal, pensei este texto:
Voltando a Mima e Mimo, tornando as coisas tão pessoais como as derrotas (ou as vitórias) no futebol!
Mima
«
CANTADOR EN_CANTADO
Os dias fazem de mim
um tempo que passa assim
entre o canto e o seu espanto
Há na certeza sortes,
há no Norte oscilações,
uma só fica a vida movida
(“má vida”)
Cantorias de silêncio,
líricas arritmias do Nada,
um coração sem razão
No vazio do Azul
o branco queima de fogo
no interior mais da chama
(- A Morte é a minha Dama!)
06.11.10
»
Gosto, mas é um daqueles poemas que ficariam bem a um personagem que tivesse uma vida própria e da própria vida encontrasse motivação para a acção ter e dar o motivo que suponho tenha dado origem ao poema. Sendo meu, fico vazio de motivos, nas memórias que já não pertencem a este momento da leitura. Torna-se mais difícil imaginar motivos para? Paro antes dos motivos, leio sem motivo o poema. É como uma virgindade a não correr o risco de ser cor_rompida pelo sonho ou pela vida, quase como se respeitasse o poema como ele é, deixando-o com vontade de não o imaginar. Surge então a prosa, faz do poema um ser autónomo, um ter sem sinónimo, uma hipérbole do Verbo! ;)
Ainda bem gostaste; quedo-me pelo "mais ou menos", sem cair na tentação de criticar. Coisa que, se tentasse, seria apenas pela tentação. Pela expressão do expressar, por dar largas a uma visão sofista, surfista... :))
Obrigado por ter gostado e querer partilhar! Beijos
Mimo
Desta forma dando expressão à atenção sobre o evocado par Mimo & Mima, cá os deixo, mesmo se a Mima fica presença tutelar.
Um bom-fim-de-semana!
Francisco,
Eliminarque grande resposta me deu! Ora, ora, fico até vaidoso por merecer a sua atenção. Obrigado, camarada!
Sou Benfica, time de meu pai e a Dê é Cruzeiro, time do pai dela. Meus filhos são Inter de Milão. Veja que família mais fora de questão! Por respeito aos pais, eles torcem pela selecção Portuguesa e pela Brasileira, mas vão ficar com Italia na final do Euro.
Colocastes um poema que a Mima, arquétipo feminino delecioso, escolheu e que é da autoria do Mimo? Se for, vou ter de pedir para o Mimo publicar mais pois ele é grande poeta!
Teus personagens, Mimo e Mima me chamam a atenção mais do que Assim e Mim, sabe o motivo? Explico com gosto, A e M são escritos um na complementação do outro, como fossem o mesmo corpo a pensar, a mesma pessoa a os imaginar e M e M não, são como um casal realmente, como se fosse uma criacção de dois que gera um e não um que gera dois.
Fico por aqui. Abraço.
...mais um par de semanas e as actualizações serão A.de.mais frequentes!... Por enquanto ando um tantinho entalado entre o tempo e A. falta que mais tempo faz a tanta Alma que se vai fazendo presente, ainda que a espaços e reticências mais espaçadas e preguiçosas!...
ResponderEliminarQuanto ao meu comentário, é grande, o que pode não significar grande coisa... nem o ser!... Mas é uma visão de A.
Bom fim de semana
Abraço
ps- Quanto à parte final do "mãos frias coração quente", é por demais evidente que alguém vai morrer!...
...mais um par de semanas e as actualizações serão A.de.mais frequentes!... Por enquanto ando um tantinho entalado entre o tempo e A. falta que mais tempo faz a tanta Alma que se vai fazendo presente, ainda que a espaços e reticências mais espaçadas e preguiçosas!...
ResponderEliminarQuanto ao meu comentário, é grande, o que pode não significar grande coisa... nem o ser!... Mas é uma visão de A.
Bom fim de semana
Abraço
ps- Quanto à parte final do "mãos frias coração quente", é por demais evidente que alguém vai morrer!...