segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

OLHO INTERIOR

OLHO (O) INTERIOR: KITCH STRIP

Não queres que a tua vida seja repetitiva e monótona, "esquece-te" de ligar o despertador e deixa-te dormir.
Quando acordares terás sonhado, podes sonhar ser escritor: viver para a escrita. Se tiveres sorte podes até viver da escrita, essa parte do sonho é mais para a frente.
Hoje imagina que acordaste a pensar escrever uma história de Dia De Namorados, o teu Dia D, de Deolinda ela o Dionísio ele. Um será o Bem, outro o Mal.
Ela é o Bem, ele o Mal. Imaginas que seja ele, pela força, a apoderar-se dela. Sabes que está mal, a história fará o resto!
Vamos ao resto, ele rapta-a. Já muito antes sonhara, vivera a sonhar, com este momento.
Drogada Deolinda é levada para uma cave, parece e é uma masmorra. Foi decorada a partir dum filme, reproduz todas as máquinas de tortura, tem quadros de ferramentas nas paredes e está muito limpo todo este espaço, uma decoração kitch.
Quando ele e ela ficam sós, ele pega nela e pendura-a num cavalo sem arções. Prende-a pelos pulsos e tornozelos aos pés do cavalo, a cabeça dela pende, os pés caem a direito para o chão.
Está nua, completamente nua. Só que não se apercebe de nada, a pele nua em contacto com o couro, o sangue a descer para a cabeça. Os pés a ficarem frios e as mãos, mas todo o ambiente está aquecido.
Ele senta-se numa cadeira rotativa com rodas nos pés, situa-se nas costas do Bem, olha-a entre as pernas. Também ele se despe, como se fizesse um strip.
Ela acaba por acordar, quando ele acaba por tirar a última meia atirando-a. Tentou acertar-lhe e conseguiu, a meia acerta-lhe logo acima da cintura, desliza pelo tronco, pescoço, parece imobilizar-se nos cabelos, acaba por cair, depois de lhe fazer uma carícia na cabeça.
Abre os olhos, vê o chão, as corrente nas mãos, correntes... Sabe que está presa, de pés e mãos. Toda a percepção é lenta, ela está, mesmo sem querer, sem pensar nisso, a gozar o momento.
Ele vê-a estremecer, quando a sua meia cai no chão. Está sentado por trás dela e olha-a, esperando que ela abra os seus lábios e olhe para ela através dum olho interior.
Aproxima-se e beija-a nos lábios carnudos, sentindo a sua penugem na boca e o seu aroma. Os lábios parecem responder-lhe, volta a beijá-la. Apoia as suas mãos delicadamente nas costas dela, aspira fundo. Sente o corpo dela estremecer e aquecer, usa os lábios como termómetro. Ela aquece e abre-se como um fruto maduro, libertando sabor, sumo. Sumo prazer, o do amor. Ele sente uma erecção animal e têm-na completamente à sua mercê.
Senta-se na cadeira e olha, só olha. Está na altura de dialogarem; agora, cabe ao leitor(a) serem Bem e Mal, completarem a história.
Por ser Dia Dos Namorados, o Dia D de todos os felizes contemplados pelo prazer e ilusão de andarem a Aprender A Amar: AAA! Sorria só, aceite com tranquilidade a missão.
Ela está de cabeça caída, Ele voltou a sentar-se. Está na cadeira onde escreve, escreva o diálogo: vou dar o final.
Ele desamarra-a, ela entrega-se-lhe. Ele concebe e é concebido por uma fantasia, Ela é uma fantasia que se realiza sem precisar de imaginar a realidade, vive-a! Acabam fazendo amor neste dia de Deolinda e Dionísio, se ainda me lembrar disto, amanhã continuo a história. Será o início dum romance, uma história a continuar-se doutra história. A esta deixo-a ficar "olho interior", só ... precisão ... fazer abrir o olho e olhar por ele. É continuarem a usar a Língua, é o bastante. Ergue-se o bastão d'Ele, Dionísio decreta: Acabou.
Gozem, um bom Dia D.

3 comentários:

  1. Excelente prosa no dia dos namorados:) Um tanto erótica o que não lhe tira uma certa ironia.
    «Por ser Dia Dos Namorados, o Dia D de todos os felizes contemplados pelo prazer e ilusão de andarem a Aprender A Amar: AAA! Sorria só, aceite com tranquilidade a missão.»
    O amor é assim!!! Louco..louco...louco:)
    Amei.Amei o texto.
    Bjito amigo

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  2. Perfeitas letras, como sempre mestre Francisco!
    Obrigada pela indicação de leitura e FELIZ DIA DOS NAMORADOS!!! Carinhosa

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