segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

FALANDO COM OS DEDOS

FALANDO COM OS DEDOS

Não me digam porque escrevo, disse ele aos dedos, quando já escrevia. Voltou à ideia que o trouxera, procurou as palavras que tinha tido na cabeça, convicto de ainda as encontrar:

A linha litoral dos dias tece horas de espuma duma beleza capaz de dar à costa da imaginação; não era exactamente isto que tinha em mente, pelo que se interrompeu e espraiou

O LITORAL DOS DIAS

na linha litoral dos dias
há horas de espuma
para dar à costa
imaginação
capaz de se espraiar

Na praia das palavras um prosador senta-se na areia e vislumbra um veleiro no mar, o seu mastro atravessa o horizonte e entra no céu. Ele está sentado na areia sonhando com o Verão e o seu calor, para a realidade ter o conforto de imaginar o que o cerca. Está nu, levanta-se e corre para a rebentação, quando mergulha está cheio de energia e emerge para nadar furiosamente como se fosse cruzar o mar. Vira-se de papo para o ar e é pássaro poisado na eternidade, fazendo das asas a sua cama.

ALGO EM (ALGO) ALVO
Todos os dias aprendemos alguma coisa nova, se fixarmos alguma coisa que ficamos a saber, quando nos lembramos de algo porque encontramos esse algo em "algo" que nos lembramos.
Algo quero aprender destas definições,
lembrar-me que as li faz a diferença, para um dia quando procurar definir "algo" me lembrar que isso já me ocorreu muitas vezes mas, desta vez, guardei uma referência. Abraço.


Kiro Menezes disse...



Que lindo Fran... ♥


tecas disse...
Afinal, é um texto com o teu estilo único. Seja o Francisco, o Assim ou a Mim. «Há um filme, se não conheces inventas, onde o nome dum homem dá origem a todas as peripécias. Eu gosto de peripécias, são o que escrevo quando publico Assim, Mim, R e Francisco Coimbra. Inventa(R)mo-nos a nós próprio: in_ventar, soltarmo-nos ao vento! Saímos das palavras, bom sair das saias da mãe, importante deixar as palavras, importante ser_á... amá-las tanto com à nossa mãe. » Penso ser uma resposta ou a continuação do texto da Maria João Oliveira. Se é loucura usares heterónimos, Fernando Pessoa era um dos loucos mais lúcidos, entre os poetas. Gostei. Bjito amigo
 
Maria João disse...
"Afinal", eu tenho um blog"! Tenho um blog? Não. O seu a seu dono. Obrigada, Francisco, por me teres recebido na tua "casa". Gostei de cá estar, até porque aprecio casas com muita luz natural e janelas amplas para horizontes largos. "(...) existe o texto, a leitura tem que ser feita". E se a leitura não for feita, o texto não existe. "(...) nunca sei ao certo qual a leitura que terá o texto". Ainda bem que não sabes. Um texto literário é um texto aberto que convida a várias interpretações, como se sabe. E o leitor preenche, livremente, os espaços em branco da sua linguagem ambígua. Penso que o leitor não tem que decifrar a mensagem, nos termos do emissor. Não há um código comum entre texto e leitor, não é verdade? É por isso que a sacerdotiza Bacbuc serviu um copo de água aos peregrinos e cada um deles encontrou, na mesma água, o sabor da sua bebida preferida. :0) Foste um óptimo (ainda com p...) anfitrião, Francisco. Muito obrigada! Agora vou até ao jardim. Abraço Maria João Oliveira P.S.: "(...) a continuação do meu texto"?! Acho que a Tecas acertou num alvo interessante...:0)

3 comentários:

  1. ____________________________________

    Que bom ler as suas letras novamente! Você tem uma linguagem muito particular da qual gosto muito...


    Beijos de luz e o meu carinho!!!

    ______________________________________

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  2. adoro isso... ^^

    Suas letras em conformismo com o pensamento livre, vagante... mas preciso e precioso!!!



    És único...

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  3. Zélia e Kiro,
    Beijos de luz, iluminado por vosso carinho! Bjs

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