quinta-feira, 14 de junho de 2012

ONTEM


O teu surgir sugeriu-me ter as potencialidades dum personagem, pelo vigor e rigor de quem se situa fazendo duma situação uma cena. Como se faz uma coisa destas? Se todos soubéssemos, o teatro e toda a representação, seria uma coisa simples! Desafiei-te a provar não seres uma mulher, coisa como sabemos provocadora para qualquer macho que se prese. Melhor dizendo, para qualquer um que se torna fácil desprezar.
Continuo rigorosamente onde estava, na apetência em conhecer e ver se tua presença se reforça e materializa na matéria de facto dos factos. E é um facto que a minha aposta está ganha, no prazer pessoal que sinto em ver crescer o autor que de outros faz autores, ou seja, não será, seus personagens?
Nesta vida só se confunde quem fica confuso, mesmo sem desdizer, é bom que se diga que, se fosse capaz de criar como personagem uma pessoa tão rica de matéria humana, meteria mãos à obra e me tornaria romancista.
Aceita que a nossa relação continue nesta senda, sendo matéria ficcional para a nossa mútua compreensão do mundo. Desta forma tão prazenteira e aprazível de partilhar uma realidade moldada de molde a dar forma à forma, de forma à forma, uma vez cheia, dar forma à forma nela.
Isto é tudo menos simples de compreender para quem quer ter certezas onde a certeza se dá à intuição, sem dizer a ninguém o que escrevemos por dedução do trabalho dos dedos sobre um teclado.
Como os últimos são os primeiros, comecei pelo teu comentário! Ah, o tratamento por tu, espero não te importe. Se isso for abrupto, a  Déborah me perdoe na pessoa de seu homem e dela mesma, no caso de ser tomado por despropositado à vontade.
Quanto ao título ONTEM, vou tentar não deixar que se cumpra... tento dar por findo ainda hoje este texto. Tenho de ir ver ainda quem o assina! Seja como for, o autor dos Contos Breves, nunca poderia querer ser autor desta prosa. O que é, no mínimo, uma afirmação digna de ser subscrita por qualquer dos autores deles contos. Pois, fica o segredo revelado, todos foram escolhidos pelo seu sentido de humor, mesmo se não se notar…
Abraço

20 comentários:

  1. Poeta, sem seu comentário não vale. Cadê a cooperação comigo?
    Se Betina me deixar em apuros.
    Amanhã vejo.Beijos no coração!

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  2. Em primeiro lugar,
    honra-me com o tu!
    Depois digo: serei o último a comentar pois preciso ver até onde a vossa provocativa chamatória para com o leitor vai chegar ao lago profundo da criação e gênese de um personagem.
    Francisco,
    és grande criador!
    Abraço.

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  3. Poeta, sinto sim o bom humor dos autores. Mesmo tentados a forma,forma à forma ou forma à forma. Sabem isso impossível, autores são sim uma essência, mas diluída em magia, miragens, viagens...
    Qual seria a beleza da exatidão poética? Existiria imitando a vida?
    Tão rica matéria humana só existe na ficção, muitos reais podem aproximar dela mas ninguém é o suficiente perfeito para o exato.Somos experiênias de nossos atos, impulsos, gestos, há todo momento. E assim nos justificamos. De resto nos entregamos a poesia, aos personagens, aos autores personagens, personagens autores levados ao palco mambembe do tempo.Você Poeta é Grandioso nas criações e ainda abre um leque ao público. Beijos no coração!

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  4. Francisco, hoje lendo o blog UMA VIDA EM PALAVRAS, de Danilo Mendonça Martinho, em O SEGRDO DA AREIA, fiz na leitura O Poeta Francisco um personagem. Fosse meu o poema dedicaria a Você, com todo respeito,créditos e autoria criativa do Poeta Danilo MM.
    Assim explico a história dos personagens que lhe criei e crio.
    Poeta, não sei deixar links de blogs, se permirtir deixe por mim, se não apague.Beijos no coração!

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  5. parte I
    Francisco, coloco em duas partes, pois não coube em uma única caixa:

    Aproveito a hora em que deveria ir passear para mexer o esqueleto e prefiro vir mexer o intelecto aqui no teu espaço! 
    Muito pertinentes as suas considerações e o seu post. Fui no Manolo, revi o texto, lá deixei comentário que não vou transcrever aqui para motivar de alguma forma a ida de todos até lá. ;)
    Sobre Carlos, sobre personagens, sobre este blog, sobre nós, leitores.
    Desde o dia 19 de Abril, Carlos Coelho tem sido um personagem crucial nesta história que aqui se desenvolve (história? Que história? Podem se pergunta. A que se desenvolve a partir da troca entre autor e leitores!) e eu preciso dizer que gostei muito que ele tenha surgido. Era um blog essencialmente feminino e precisávamos da voz de um locutor masculino. Mas há vários pontos positivos no aparecimento de Carlos, enumero os que me parecem importantes ao blog e a nós como leitores, primeiro:
    A diversidade! Uma história onde todos os personagens concordam com tudo é uma história fadada a morrer, a diversidade de opiniões é fundamental para o desenrolar de qualquer enredo e quanto a isso o Carlos tem mostrado fôlego pois é polêmico, exagerado, mas leitor atento e muito cuidadoso com as metáforas e considerações que propõe, além de nos ter dado um espaço extra de leitura, criando um blog só dele, quase que um parque de diversões sobre nossas próprias tragédias e desentendimentos. É catarse!
    Segundo: É coerente com a génese proposta inicialmente por ele como personalidade. Um personagem, uma pessoa, deve sempre ser coerente, assim se mantém interessante e mostra material de troca para o diálogo, motivando aguçando a vontade de permanecer acompanhando a história pois entendemos como é a coluna vertebral daquele indivíduo e de certa forma esperamos que ele apareça e dê a sua opinião.
    Terceiro: É leitor da história principal: o diário do escritor Francisco Coimbra! É fundamental isso! Viemos aqui há tempos e muitas vezes deixamos que a postagem passe ao largo de nossas opiniões aqui deixadas. Carlos se antem ao que é postado aqui e valoriza a obra que aqui se desenvolve.
    Quarto: É personagem ou pessoa? Aqui talvez seja onde Carlos mais vence, quando nos deixa em dúvidas quanto a sua existência! Sherlock Holmes nunca existiu, mas Sir Conan Doyle o criou tão bem criado que muita gente pensa que ele existiu! Isso é criar um personagem! E se Carlos é um personagem inventado, eu bato palmas ao seu criador pois eu acredito mesmo que ele seja real e então é um personagem de sucesso, atinge ao que se espera de todo o personagem, ganha vida própria e segue um rumo que o eterniza.
    Quanto ao género, não acho que Carlos, na hipótese de ser alguém criado, tenha como autor uma mulher. Explico-me, ele tem uma coerência dificilmente encontrada nos seres emocionais que somos nós, as fêmeas e um humor que ultrapassa ao gosto feminino. Digo, se ele for uma mulher, gostaria que essa mulher fizesse parte do meu círculo de amigos!  pois é extremamente inteligente e interessante.

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    1. Parte II:
      Aproveito e deixo, além das considerações de hoje, sobre o “ontem” de Francisco com relação ao Carlos, um pedido. Estava pensando em dizer aos meus companheiros da Sociedade que é o Diário de letras II: Acho que Francisco nos propõe claramente que sejamos co-autores de sua obra aberta que é este blog. Como? Sendo leitores! Participando, lendo, deixando considerações sobre as postagens, sugerindo interpretações. Elogiar ou criticar faz parte mas ele espera de nós, a meu ver, mais que isso, espera que sejamos inteiros entregues a leitura! Jacira é professora de português, me daria imenso prazer ler dela interpretações linguísticas sobre a obra de Francisco, acrescentaria muito, seria uma parceria de leitura, por que não? bbrian acompanha a obra dele desde a perder de vista, por que não trazer para nós comparações das fases do artista? Dizer-nos o que ele estava fazendo em 2008 e que pode ser comparado com o que faz agora? Eu ia gostar de ter acesso a cada etapa do processo que gerou o Francisco de hoje, enriqueceria a minha leitura! Carlos é terapeuta, por que não dar-nos uma visão psicológica dos personagens que o Francisco cria?
      Tem tanta coisa que podemos fazer como leitores e como parte da obra! Acho que nunca poderemos esquecer que formamos um grupo, somos leitores da obra de alguém, por que não discutirmos entre nós e com ele a obra? Tenho certeza que tornaríamos mais proveitosa a nossa vinda aqui e retribuiríamos a altura a liberdade que o Francisco nos dá e também o carinho com que nos recebe.
      Além de nos melhorarmos como autores, leitores ou observadores.
      Também pensei em dividir com todos a leitura de um livro que muda a vida de qualquer pessoa que queira entender a energia criativa, a construção de um personagem e a construção de si mesmo, chama-se “A coragem de Criar” e para que a minha oferta fique completa eu trago também o link que disponibiliza a leitura on line: http://pt.scribd.com/doc/35840029/ROLLO-MAY-A-Coragem-de-Criar
      Basta colar na barra de endereços do navegador e ter acesso a obra fantástica de Rollo May.
      És um trecho: «O primeiro fator que notamos no ato criativo é a sua natureza de encontro.
      Os artistas encontram a paisagem que querem pintar — olham para ela,observam-na sob diversos ângulos. Ficam, como se diz, absorvidos nela.»

      E por último, estamos fazendo parte do diário de alguém especial, um escritor, uma pessoa querida por nós e de grande talento! Vamos procurar colaborar para dar ao autor as motivações certas para a criação.

      Um beijo, a todos, um para cada pessoa que aqui vem ler.
      Francisco, .*. beijo.

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    2. Betina, prá mim Carlos é um personagem, tão bem representado que me faz acreditar ser real.Tenho minha opinião quanto ao autor.
      Betina, do Poeta Francisco só se eu fosse capaz de um livro.Não sendo, assim que minha vida tiver mais calma prometo uma escrita muito verdadeira de tudo que li e de certo modo vivenciei e senti num resumo.Gostei da ideia, do desafio.
      Beijos no coração!

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    3. Adorei terem ido ao Danilo, lindos comentários.
      Beijos nos corações!

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    4. «O processo criativo é a expressão dessa paixão pela forma. A luta contra a desintegração, o esforço para dar vida a novos seres que trazem harmonia e integração», Rollo May (p.117, a última).
      Sempre encontramos na leitura o que julgamos procurar, caso contrário não haveria leitura no seu significado mais profundo de dar sentido a tudo, até às sensações. O processo de identificação é tão natural que faz parte da natureza, quando a pensamos em nós e diferençamos, enquanto “natureza humana”.
      Eleanora,
      “dar vida a novos seres que trazem harmonia e integração”, trazendo a leitura proposta fazes uma boa aposta! ;)
      Beijos

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    5. Olara,
      Vivenciar, deixando-me atrair pelo verbo, gostei.
      Beijos do coração!

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  6. Betina, concordo consigo, sobretudo, nesta última parte.Vou ver se compro o livro. Foi uma boa dica.
    Devemos sentir-nos orgulhosos pelo Francisco que nos trouxe até aqui.No que toca a minha parte estou convosco.Quero envolver-me no projeto. Como já disse anteriormente a participação neste diário, tem-me enriquecido imenso, em vários campos.Tenho amadurecido muito espiritualmente.Sinto-me mais humana, mais sensível ...
    Vamos todos convergir para o mesmo ponto, com alegria e para alegria do nosso mentor. beijinho para si e para todos!

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    1. boa, Jacira!

      vamos dar valor ao que realmente tem valor, a Literatura e a Cultura que aqui colhemos.

      vai ser uma boa viagem para todos, por certo!

      também gosto de ter o livro nas mãos, mas se quiser ler on line, é só usar o link.

      beijo.

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    2. Betina, é justamente ai, na literatura e cultura a minha maior observação do Poeta Francisco.
      Li o Poeta em Recanto das Letras, explosivo.
      Depois durante um período em À Conversa na Escrita senti o Poeta inquieto, parecia descontente com a 'obrigação'à literatura e cultura, como fossem os poetas impedidos de escrever emoções.Literato e culto Ele já era de sobra, buscava romper, como uma represa cheia de emoções.E rompeu trazendo Assim e Mim no mais harmonioso arranjo entre literatura, cultura e emoção.É hoje esta ave livre, estas águas correntes, estes céus abertos. Imbatível!
      Veja bem Betina, o que escrevo da transformação foi o meu sentimento durante este tempo todo, posso ter sentido errado, é apenas uma opinião das minhas observações. Beijos no coração!

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    3. bbian,
      estou devendo um destaque aqui! quando propus que cada um viesse comentar acrescentando coisas ao Blog e colaborando com o poeta Francisco, sugeri que você nos dissesse da sua experiência em acompanhando-o... vou te dizer, minha querida, o que você escreveu aqui é extraordinário! lindo de ler e de sentir o quanto você percebe o que se passa com ele e com a escrita dele. guardei para mim o seu escrito, pois até onde eu pude observar, fizestes um retrato fiel e muito pertinente do nosso autor tão querido! emocionante, no mínimo!

      parabéns e muito obrigada por ter aceito o que propus e ser tão generosa e delicada!

      :)
      mil beijos em um único coração, o seu!

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    4. Betina, fico muito à vontade para falar do Grande Poeta e Escritor Francisco Coimbra.Faz tempo que o acompanho, mesmo com muita dificuldade porque nada sei de leitura e cultura e Ele o extremo. Observo o Poeta com sensibilidade e adimiração que Ele merece.
      Tenho certeza que por mais que eu erre Ele sabe do meu respeito, adimiração e o querer bem que sinto e devoto a grandiosidade da sua escrita e ao Ser desprovido de preconceitos que é.Beijos no coração!

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    5. acho que você não errou em nada! :)

      ficou lindo, bbrian!

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    6. Não me passou desapercebido o desafio (Betina) e a bela resposta (Olara)!!!
      Beijos do coração!

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  7. Isso só Ele pode dizer Betina. Beijos no coração!

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