ESQUECIDO?
“poderia ter esquecido alguma coisa importante, ou alguém”
Um texto não tem de ter nome mas, não tendo pede, para referência, exige estratégias. Nos poemas geralmente o primeiro verso, na prosa, “Entre aquelas folhas amareladas…”, uma primeira frase ou o seu inicio.
Depois de lido o texto, dei por mim a pensar o que escrevo, a escrever o que penso. Pensei no título, na sua ausência. Criei um título, onde vale a afirmação e interrogação, lançando a dúvida como vida prévia ao dúbio destino do escrito: ao que nos levará? Nada pior, opção p(i?)or, destacar o seu inicio: “Entre aquelas folhas amareladas…”
Quanto ao texto, ele aceitaria bem Shakespeare citado por William Fawlkner, em torno da ideia do texto viver entre a hesitação e o sentido e etc. Daria para entrar no mundo das referências, onde se fazem as pontes que permitem passar da bidimensionalidade, à tridimensionalidade, à quarta, quinta e todas as dimensões. Verdadeiramente a arte exercita um poder de auto e hetero hipnose, sua melhor hipótese para um estado alterado de consciência sem recurso a químicos orgânicos ou sintéticos. Produto natural da nossa mente onde, procurando o artificio, o oficio do artista é: atingir a Arte. Sinónimo de perfeição levada ao superlativo (loucura!), significado do sentido do sentido, no mais prefeito entendimento entre o corpo sensível e a alma sobrenatural. Se não é assim, também não faz mal, deve ser o que o entendimento der e pedir. Se o intelecto nada pedir e o corpo nada der a sentir, a alma, para a perfeita ignorância, é perfeitamente ignorada, é nada.
Tentando ainda voltar ao texto, o pretexto desta leitura, vive dentro dum contexto. Neste caso, este texto é o desenvolvimento de "o que se perde enquanto os olhos piscam", o título do texto? Entremos nesse espaço de automatismo no uso da razão, onde estamos impossibilitados de parar o coração e cada um leia e frua. Dizer o quê? Fazer juízos de valor? Procurar o fio condutor, onde o que há é um condutor que se deixa conduzir pelo texto onde se transporta? Resisto, mas não resisto, vamos lá… Há uma ela, sem remorsos ou culpa e um rosto de culpada, meio sorriso e um “poderia”, a mata ao sol, mistérios e histórias à mesa, verdades descartáveis, aventuras juvenis a reviver o passado, esquecer o quê? É-nos dito que não saberemos, e ficamos bem com isso «Cremos, a partir de então, que tudo [se havia perdido]»... Qual a receita sugerida? A que é dada, inventá-la [a ela]!
Quem seguir William Fawlkner como referência, poderá encontrar menção ao fluxo de consciência e patati-patatá, já está.
Claro, é uma leitura, é o que todo o texto pede.
Tive como referência prosa de Marcos Maxnuk.
Se o intelecto nada pedir fica dificil, mais dificil fica quando a alma em nome da arte tenta justificar a loucura.E de loucos todos temos um pouco, nunca ao ponto de perdermos os sentimentos.Esquecer pessoas e coisas importantes é a loucura em alto grau.Seria facil as verdades descartaveis, assim como as mentiras, não sao, ou sao verdades ou mentiras.
ResponderEliminarMistérios, historias à mesa, reviver aventuras pasadas a mim não fazem sentido, Há cenas em nossas vidas que marcam, mas jamais revividas.
Tivesse validade minha receita seria o presente com suas todas dimensoes.Patati-patatá sempre nos inventamos cravados no que realmente somos.Os adornos cabem aos poetas, a essencia é do Ser.Claro, uma leitura individual que a hipnose nos permite. Beijos no coraçao!
«Há cenas em nossas vidas que marcam, mas jamais revividas.»
ResponderEliminarPorque não dizer:«as cenas em nossas vidas que nos marcam são as que voltam, continuam revividas»?
Sem reviver, a memória o que seria? A memória é entidade viva, por isso ela muda.
Beijos do coração!
bbrian, foi uma "análise crítica" a uma frase. Beijos do coração!
ResponderEliminarSim, entendi.Patati-patatá relembradas sim, revividas jamais, água que passou vai pro mar.
ResponderEliminarBeijos no coração!
FLUTUANDO...
ResponderEliminarEsta abordagem das palavras é muito interessante, está relacionada com a sua margem de influência: a flutuação da sinonímia. Se tocarmos este sino, ele mia? Não, nenhum sino mia, quem mia são os gatos, podendo o miado ser dado de empréstimo a outros mamíferos que produzam barulhos semelhantes. Fica contudo a dúvida, se tocarmos “este sino”, ele mia?
Agora poderia desconversar e imaginar a existência dum gato ou gata Sino, sin(t)o muito! Vou levar a argumentação mais a sério, para analisar a linguagem como uma realidade viva. Falo da fala articulada e verbal, a desenvolvida pelos humanos. Valeria a pena pensar se, uma palavra conhecida e revisitada, lembrada, equacionada?
Uma palavra, esta, a que vem a seguir, a que veio antes, uma que visualize a cima, outra que visualize a baixo. Agora, fechando os olhos, visualizo como já antes, também, pensei: imagino. Este verbo, imaginar, como se liga melhor – com a realidade de vivenciar as palavras, das sentir, ter e viver, em presença de – duas palavras distintas (usadas como sinónimas?): relembrar, reviver?
Pela leitura que dou à forma como as vejo usadas, relembrar parece uma coisa actual, quotidiana, normal. Reviver parece coisa reservada à crença bíblica dos voltar da Morte, um ressuscitar.
A verdade é que, tudo que para mim é mais importante, ou ganha mais importância, tem de ser, se da memória vem, vem revivido. Volta a ser vivido, é a experiência de voltar a uma experiência antiga. Quando já não é revivido, provavelmente não se detém a ser lembrado.
Foi o que me lembrou comentar, com o meu coração agradecendo os beijos recebidos :)
Penso que é assim Poeta, reviver nao revivemos um minuto atrás mas relembrar é muito quotidiano. Beijos no coração!
ResponderEliminar